Cimeira Social Europeia

O acordo agora mais importante que faltou foi o das vacinas para o Covid 19. Atenção PCP e BE. O Presidente norte-americano J. Biden pôs pressão sobre os europeus, ao manifestar-se disponível para acabar com as patentes das vacinas.

por Pedro d´Anunciação

Terei percebido  bem? O PCP, o tal partido dos trabalhadores, está contra qualquer Cimeira Social que lhes melhore a vida, mesmo que seja a prazo? Claro que isto vem a propósito da Cimeira Social do Porto, organizada pela presidência europeia portuguesa, num sítio até muito conhecido pelo PCP, e que este partido, muito habituado a estar ausente do Governo, acha que nada a não ser o seu íntegro programa lhes melhora a vida. Mas o BE, também mais habituado às reivindicações de oposição, e  igualmente sem perceber nada que vá contra o seu próprio programa intocado, também se manifestou contra, mesmo estando assente que qualquer avanço nos direitos dos trabalhadores, mesmo pequeno, é uma coisa boa. Por alguma razão, as sondagens indicam que ambos descem as votações.

Representantes da CGTP e da UGT, ao mais alto nível, estiveram presentes na apresentação da Cimeira. Talvez por pressão das autoridades sindicais estrangeiras a que estão ligadas, mais conscientes da necessidade de compromissos que garantam avanços.

A Cimeira Social, no passado dia 7, era o ponto alto desta presidência europeia portuguesa. Que já estamos habituados a ser discreta e efectiva, (com exemplos como o Tratado de Lisboa ou a Estratégia de Lisboa, nas presidências de 2000 e 2007). Faltou o acordo sobre o salário mínimo europeu, que pode ainda ser conseguido num futuro mais ou menos  próximo, e que será sempre vantajoso se abranger toda a UE, mesmo que o seu valor fique abaixo do de vários Estados.

O acordo agora mais importante que faltou foi o das vacinas para o Covid 19. Atenção PCP e BE. O Presidente norte-americano J. Biden pôs pressão sobre os europeus, ao manifestar-se disponível para acabar com as patentes das vacinas.

Embora a generalidade dos farmacêuticos se tenha mostrado contra, o CEO da Moderna declarou-se indiferente, afirmando de forma aparentemente mais realista não acreditar que os países do Terceiro Mundo consigam em menos de ano e meio ter forma de as produzir. O mesmo argumento seria utilizado por dirigentes políticos europeus. Mas quando se opôs firmemente à ideia, Merkel não usou uma argumentação tão utilitária. Falou apenas nos interesses das farmacêuticas, e nas eventuais necessidades futuras dos consumidores ocidentais.

De qualquer modo, como alguém referiu, houve votos para que os EUA façam tantas doações de vacinas, como têm feito alguns países da UE.

A 9 deste Maio, no Dia da Europa, houve outra Cimeira em Bruxelas, a acentuar a celebração.

Já para não falar de Modi (a Índia sempre é mais democrata, e não faltará muito para ser também mais populosa, na Ásia, do que a China), que não esteve cá presencialmente (por causa do tal Covid no seu país, de que será em parte responsável), mas entrou por vídeo.