Perseguição religiosa na China

O Budismo, o Cristianismo protestante e católico, o Islão e o Taoismo são as religiões oficialmente toleradas. Só que, nos últimos anos, com o endurecimento do Regime com Xi Jinping como líder, a perseguição intensificou-se. Esta intensificação reage a um crescimento das práticas religiosas.

por M.T.T.

A China conheceu no passado largos períodos de perseguição religiosa contra os cristãos, que durante várias dinastias imperiais e nos finais do século passado, com a seita xenófoba dos Boxers, assassinaram muitos missionários estrangeiros e cristãos chineses.

Com a chegada ao poder dos comunistas de Mao Tsé-Tung, esta perseguição tornou-se geral, como foi característica de todos os regimes inspirados no marxismo-leninismo “científico” e por isso incompatível com qualquer resquício de “ópio do povo”. Nesses tempos, sobretudo durante a década da Revolução Cultural (1966-1976), os cristãos chineses voltaram a uma espécie de idade das catacumbas. Na verdade, no tempo da Revolução Cultural todas as formas de culto e actividade religiosa foram proibidas e os fiéis de qualquer religião foram perseguidos.

Aliás, coerentemente, os Estatutos do Partido Comunista Chinês explicam que o partido é uma instituição ateia e que “aqueles que acreditam na religião não devem pertencer ao Partido”.

As coisas modificaram-se depois da morte de Mao e do triunfo nos anos 1980 da linha reformista de Deng Xiaoping, com períodos de maior e menor tolerância ou intolerância. Por exemplo, o governo de Hu Jintao foi considerado relativamente pacífico, com algum abrandamento dos ataques às igrejas, particularmente às cristãs.

O Budismo, o Cristianismo protestante e católico, o Islão e o Taoismo são as religiões oficialmente toleradas. Só que, nos últimos anos, com o endurecimento do Regime com Xi Jinping como líder, a perseguição intensificou-se. Esta intensificação reage a um crescimento das práticas religiosas.

Esta repressão exerce-se por diversos modos e vias, uns mais violentos, outros mais psicológicos. Para já, há o controlo por organizações dependentes do Partido Comunista Chinês, como a Associação Budista da China e o Movimento Protestante Patriótico “Three-Self”

Os lugares de culto são registados e controlados, os líderes religiosos e sacerdotes são vigiados, há mesmo censura e alteração de textos religiosos como a Bíblia. Quanto aos muçulmanos, o Partido desencoraja o jejum no Ramadão e o uso de véu. Uma seita, o Fahn Gong tornou-se um objecto central de perseguições, com dezenas de milhares dos seus fiéis presos.

A seguir ao Budismo (talvez 200 milhões), o cristianismo com cerca de 100 milhões de fiéis é a religião com mais seguidores e, por isso, acaba por ser neste momento aquela sobre a qual convergem a maioria das práticas de controlo e repressão. Isso explicará a razão porque, segundo a “Freedom House”, a maioria dos cristãos, os 85 milhões de Protestantes e os 12 ou 15 milhões de católicos, não estão oficialmente registados.

A demolição de igrejas e a retirada de cruzes do exterior dos templos são sinais permanentes de hostilidade

A Santa Sé tem tentado, ao longo destes anos, mediar o conflito do Partido com os católicos chineses, conseguindo alguma normalização, mas esta linha encontra oposição da parte de figuras da hierarquia católica chinesa, como o Cardeal Joseph Zen de Hong Kong, que não acredita na boa fé das autoridades de Pequim, que querem, com estas manobras, conseguir o controlo da igreja do silêncio na China.