Os indicadores que ‘tramaram’ Portugal

Inglaterra divulgou ontem a avaliação que levou à retirada do corredor verde. Houve três viajantes ‘positivos’.

«Abordagem ultra cautelosa». Foi a expressão usada ontem pelo ministro da Habitação britânico, Robert Jenrick, para defender a retirada de Portugal do corredor verde de turismo do Reino Unido. Um dia depois da decisão, o Governo inglês disponibilizou no seu site de ‘transparência’ a lista de indicadores que motivaram a passagem de Portugal à lista âmbar. O ministro dos Transportes britânico tinha referido a duplicação da taxa de positividade e a deteção de uma «espécie de mutação do Nepal na variante indiana», uma evolução da variante que, como o jornal i avançou, tem 90 casos detetados em todo o mundo, dos quais 12 em Portugal e 36 em Inglaterra. Na avaliação divulgada ontem, publicam-se os restantes indicadores, que revelam que a avaliação ainda não teve em conta os últimos dias de regresso de adeptos que estiveram em Portugal para a final da Champions.

Um dos critérios usados pelo país são os testes positivos entre viajantes. Na primeira avaliação que colocou Portugal na lista verde tinham sido feitos 571 testes no período de 26 de março a 22 de abril, dando três positivos, uma positividade calculada então em 0,6%. Agora foi avaliado o período de 6 a 19 de maio. Em 200 testes, houve três positivos, o que significou uma positividade de 2%. A duplicação da positividade é sobreponível ao que foi o aumento deste indicador nas últimas semanas em Portugal, com a positividade a rondar 1,2% neste período, outro aspeto tido em conta pelos peritos ingleses do  Joint Biosecurity Centre (JBC) que dão parecer a Downing Street. No Reino Unido, a positividade tem sido mantida abaixo de 1%. Junto com Portugal, também há os indicadores dos sete países que Inglaterra colocou na lista vermelha, o que dá uma visão sobre o que o país considera uma ameaça. Todos os países  estão com uma positividade a nível nacional superior a 10. João Paulo Gomes, perito do INSA responsável pelo estudo da evolução do SARS-CoV-2 em Portugal, defendeu que, no toca aos casos da variante indiana com a mutação S:K417N, Inglaterra está a fazer de «fumo um enorme incêndio», considerando especulação avançar que seja ainda mais transmissível do que a variante indiana original ou resistente às atuais vacinas. Também o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças respondeu ao Nascer do SOL que tudo o que se sabe prende-se com  esta mutação ( S:K417N) ter sido detetada na variante sul-africana, que levou ao receio de maior falência vacinal: «Estudos científicos que confirmem o efeito na eficácia da vacina deverão levar várias semanas».