Ingleses (e outros) não vêm

Seria então caso, em consciência, para defender primeiro os princípios, e proibi-los de vir. Temos de agradecer portanto a Boris Johnson, defender os ingleses, mas também a nós – já que não vemos por cá quem o queira fazer a sério.

por Pedro d'Anunciação

Os ingleses saíram do corredor Verde do Reino Unido quando vêm a Portugal, e passam a estar obrigados à Quarentena obrigatória, o que os faz não quererem vir para cá. A reacção intempestiva contrária do nosso Governo, em princípio, entender-se-ia ainda menos do que a decisão britânica. E fico no em princípio, porque vejo muitos jornalistas e comentadores alinharem nela, mesmo quando a sua argumentação parece má. E se pra alguns é convincente, o que posso dizer eu?

Dizem governantes, e talvez também António Costa, achando que falam a favor do  nosso país e contra Londres, que eles têm mais casos de Covid do que nós. Seria então caso, em consciência, para defender primeiro os princípios, e proibi-los de vir. Temos de agradecer portanto a Boris Johnson, defender os ingleses, mas também a nós – já que não vemos por cá quem o queira fazer a sério.

Depois há aquela nossa subserviência excessiva relativamente aos hooligans, que esteve bem patente nas imagens televisivas da final da Champions. Ora a classe média inglesa, que não seja a ‘lowest’, tem por esses hooligans um desprezo maior do que a maltosa do nosso Executivo. E o Governo português, se quer corredores verdes, deve começar por defender a saúde pública nacional. Tanto mais que é duvidoso ver a maioria dos empresários portugueses e ingleses favoráveis a uma economia que esqueça a Saúde Pública a votarem PS.

Claro que eu percebo o desejo de o Executivo deixar para trás a crise económica. Mas já o disse aqui repetidamente: sem pessoas vivas, não há Economia que nos valha. E a espanhola Ayuso não é um exemplo traduzível à letra. Pois irá morrendo menos gente. Mas basta um, apresentado com nome e apelidos, e não incluído apenas numa estatística com sabor stalinista (como afinal têm todas as estatísticas de mortos sem nome), para nos afligir.

E agora com Espanha? Cada vez se torna mais difícil atribuir as culpas aos outros, independentemente do que se passe no futuro.