Montepio. AG da Mutualista volta a ser remarcada depois de várias vozes críticas

Só foi aprovado um dos pontos em agenda, mas com votos contra. Orçamento para 2021 recebeu luz verde só por “motivos institucionais e operacionais”.

A terceira Assembleia-Geral (AG) da Associação Mutualista Montepio Geral esteve longe, mais uma vez, de ser pacífica. O encontro realizou-se ontem, mas cerca de 3h30 só foi possível aprovar o programa de ação e o orçamento para 2021 – um dos três pontos que iriam ser discutidos – voltando a AG a ser remarcada para o próximo dia 16 de junho. 

Ao que i apurou, os associados apesar de não concordarem com o único ponto aprovado acabaram por apelar à aprovação, alegando “motivos institucionais e operacionais”, nomedamente Líbano Monteiro, do movimento dos quadros internos do banco. E, se no caso do programa de ação, os mutualistas apontaram para falhas, no caso do orçamento para este ano, as vozes foram mais críticas ao apontarem para valores desajustados e para incoerências. Ainda assim, a entidade liderada por Virgílio Lima garante que este ponto foi aprovado por 90,8% dos associados presentes (250 associados). E lembra que “por não ter sido possível, nos termos do regulamento da Assembleia Geral, concluir a discussão dos restantes pontos da ordem de trabalhos no tempo regulamentar – deliberar sobre o relatório e contas do exercício findo em 31 de dezembro 2020 e sobre o parecer do conselho fiscal; e apreciar a gestão e a fiscalização da Associação – realizar-se-á nova Assembleia Geral no próximo dia 16 de junho”, disse em comunicado.

O i sabe que o único ponto aprovado recebeu 23 votos contra, incluindo a Miguel Coelho e Ribeiro Mendes, alguns dos elementos do grupo “Salvar Montepio”, apresentado em novembro que pedia a intervenção do Governo e dos reguladores no sentido de se encontrar soluções para “evitar o colapso” da instituição que gere poupanças de mais de 600 mil associados. Na altura, a administração da Mutualista viu esse movimento com maus olhos ao garantir que “as dúvidas instaladas a respeito de temas aprovados pelos associados e acompanhados de perto pelas entidades de tutela e supervisão da Associação Mutualista e do Banco Montepio configuram um ataque à estabilidade deste grupo mutualista, além de uma estratégia de disputa de poder que tem sede e momento próprios para ter lugar”. 

Contagem decrescente

Esta “guerra” surge, numa altura, em que os candidatos à liderança da Mutualista têm até ao final do mês para apresentar as suas listas. Tal como o i já avançou, o Bastonário da Ordem dos Economistas que era o nome falado para avançar com uma lista de oposição à atual administração já se mostrou indisponível para avançar. 

O i sabe que esta solução estava a ser trabalhada desde novembro e surgiu depois de Rui Leão Martinho ter subscrito o manifesto “Salvar o Montepio”, desde que incluísse Pedro Alves (atual presidente do Montepio Crédito) e Miguel Coelho (do grupo Carlos Areal, Ribeiro Mendes – que concorreu nas últimas eleições contra Tomás Correia – e Costa Pinto), unificando a alternativa a Virgílio Lima. Uma unificação que está em riscos de não acontecer.

As eleições deverão realizar-se no fim deste ano e, para já, há uma novidade: o conselho de administração perdeu a exclusividade da lista A e as letras passam agora a ser atribuídas às listas que se candidatarem aos órgãos sociais por sorteio.