Frigoríficos e microondas vítimas da falta de chips

Empresas como Samsung e LG falam sobre problemas de atrasos de produção e quebra de vendas.

A falta de chips a nível mundial não afeta apenas carros mas também os fabricantes de produtos eletrónicos e eletrodomésticos tão simples do nosso dia a dia como os telemóveis, computadores, micro-ondas, torradeiras, frigoríficos ou máquinas de lavar que estão a sentir fortemente a falta deste material.

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Tudo isto porque o fornecimento de chips diminuiu devido à procura explosiva de aparelhos eletrónicos durante a pandemia, aliado às interrupções em grandes instalações de produção. E isso causou graves problemas.

Segundo o Financial Times, a LG Electronics e a Samsung, da Coreia do Sul, estão entre os grupos que foram mais atingidos pelos atrasos de fabrico que deverão durar até ao próximo ano. A LG já disse mesmo que a escassez deste pequeno grande chip é um grande risco para a produção. “Estamos a analisar a situação, uma vez que nenhum fabricante será poupado ao problema se este for prolongado”, disse a empresa ao mesmo jornal.

Também a Samsung revelou que foi mesmo mesmo obrigada a reduzir os pedidos de alguns componentes do telemóveis no mês passado, depois de a maior fabricante de chips de computadores do mundo ter alertado sobre um “sério desequilíbrio na oferta e procura” de semicondutores. “Processadores de aplicativos, drivers de vídeo e sensores de câmara são escassos, neste momento. Como resultado, estamos a assistir a uma queda nos pedidos da Samsung no trimestre atual ”, disse ao jornal um grande fornecedor de peças de smartphones para a empresa coreana. “Quedas temporárias nas vendas são inevitáveis, mas esperamos que a situação melhore a partir de junho, uma vez que os pedidos atrasados provavelmente vão chegar em maior volume no segundo semestre”, acrescentou.

Mas além destas duas empresas, também a Whirlpool garante que não está a conseguir dar conta de todos os pedidos. Segundo o presidente da Whirlpool Corp na China, as dificuldades são muitas: “Por um lado, temos que atender à procura interna de eletrodomésticos, por outro lado, enfrentamos uma explosão de pedidos de exportação. No que diz respeito aos chips, para nós na China, era inevitável”, disse à Reuters.

Também a Apple pode atrasar a produção. Apesar de os iPhones não serem afetados, a imprensa internacional dá conta que poderão haver atrasos nos Macs e iPads. O diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, alertou que os problemas de fornecimento têm afetado as vendas destes dois produtos que tiveram desempenho positivo durante os confinamentos. O responsável acrescentou ainda que este constrangimento deverá reduzir a receita de três a quatro mil milhões de dólares durante o terceiro trimestre fiscal.

E se há quem tenha esperança que a partir de julho as coisas melhorem, há quem defenda que estes problemas se vão manter em 2021, como prevê a IDC. “Tal como acontece num engarrafamento de trânsito e com o efeito cascata, uma disrupção no fornecimento de semicondutores a operar perto da máxima capacidade terá impacto em toda a cadeia logística”, indicou a consultora.