Vacinação exemplar!

Talvez a experiência deste tempo nos ajude a perceber que a vida ordenada é muito mais tranquila e que temos meios para o fazer…

Fui vacinado! É verdade. Recebi a primeira dose da vacinação. Recebi a vacina da Pfizer! Foi no Estádio Universitário, em Lisboa, às 9h15 da manhã!

O processo de vacinação a que assisti esta semana faz-me lembrar um dito antigo: ‘não amaldiçoes as trevas, acende uma luz’.

A verdade é que muitas vezes me vejo a seguir a tendência da maioria dos homens: passo a vida a amaldiçoar as trevas, a dizer mal de tudo e de todos. É uma tendência que temos, de ver tudo muito negro, muito escuro, como se à nossa volta não se víssemos nada de bom. 

Na realidade, há uma solução para dissipar as trevas – acender uma luz!

As trevas só se irão embora quando aparecer alguém que acenda uma luz e que nos permita ver claramente a vida.

O processo de vacinação começou mal, como em muitas coisas nesta vida, mas cedo o Governo conseguiu perceber que o processo de vacinação não depende apenas de uma decisão política ou académica, mas de uma decisão organizativa e, por isso, procuraram quem pudesse iluminar o caminho.

Não deixo de ser sensível que em alguns sítios do país tenha, em alguns dias, corrido mal o processo. Aliás, até é bom que corra mal, porque os jornalistas precisam de ter alguma notícia para dar – e boas notícias não são notícias!

Pela minha experiência pude ver que um processo devidamente organizado é meio caminho andado para que as pessoas estejam em paz e contentes.

Foi assim que pude assistir à minha primeira toma da vacina. Fui ao site, escolhi o dia, deram-me uma hora. Recebi confirmação no telemóvel. Na véspera fui novamente informado por mensagem que me deveria apresentar no dia seguinte Cidade Universitária e fui acolhido. Puseram-me álcool gel para as mãos e deram-me um papel. Sentaram-me numa cadeira com uma caneta agarrada e preenchi o papel. 

Estávamos sentados em fila e havia uma ordem para nos levantarmos e chegarmos ao computador. Sentámo-nos de novo noutra cadeira, por ordem, e mandaram-nos levantar para irmos para a secção seguinte. Sentámo-nos novamente noutra cadeira, por ordem, noutra sala, e ninguém chamava o nosso nome, mas víamos que estava a chegar a nossa hora, porque as filas estavam organizadas. Fomos vacinados e meteram-nos noutra cadeira, noutra sala, com uma merenda oferecida pela Câmara Municipal de Lisboa, para cada um. Entregaram-me o saco e lá vinha escrito 10h27 – a hora que deveria sair do recobro. Sentado no meu lugar, olhei para a parede e lá estava um relógio.

A luz que brilhou em todo este processo chama-se ordem… a ordem ajuda muito a manter as pessoas em paz.
Talvez seja a hora de colocarmos os olhos neste processo e de tirarmos algumas lições para a organização dos diferentes serviços públicos que nos servem. Às vezes sinto que são um caos completo, uma escuridão sem fim, com filas intermináveis de pessoas – todas elas a amaldiçoarem as trevas porque ninguém se lembrou de acender uma luz.

Vejo que este maldito vírus nos trouxe muitas coisas boas. Costumava estar horas nas filas de espera das Finanças. Há tempos precisei de ir às Finanças, marquei hora e, de verdade, fui atendido com ordem. Precisei de ir ao Instituto de

Registos e Notariado, marquei hora e fui atendido com ordem.

Talvez a experiência deste tempo nos ajude a perceber que a vida ordenada é muito mais tranquila e que temos meios para o fazer. Precisamos apenas de vontade política e quem saiba como acender esta luz.