Previsões europeias apontam para mais de 2 mil casos por dia em julho

Projeções disponibilizadas pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças para Portugal sugerem que mortes podem duplicar.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças atualizou esta terça-feira as projeções sobre a evolução da covid-19 para os países europeus. De acordo com a modelação feita pelos peritos do ECDC, Portugal e Reino Unido mantêm-se como os países onde se prevê que os casos continuem a aumentar. Nas últimas semanas, a epidemia em Portugal tinha estado a seguir uma trajetória no intervalo superior das projeções europeias – a análise publicada esta terça-feira faz agora uma modelação mais em linha com o que têm sido as últimas semanas de aumento de casos no país. Daqui a quatro semanas, a projeção central do ECDC é que o país possa registar 15 600 casos por semana, o que dá uma média de 2200 novas infeções por dia. No pior cenário, o país caminha para as 7 mil infeções dentro dentro de um mês (53 mil caos por semana). No melhor, os diagnósticos iniciam uma tendência de descida na próxima semana e entram numa espécie de planalto em torno das 5 mil novas infeções semanais, o que era o ponto de situação há duas semanas. A acompanhar o aumento das infeções, o ECDC projeta agora um aumento da mortalidade nas próximas semanas. Não atinge os picos dos meses mais agudos da pandemia, mas de menos de 20 óbitos por semana – o que tem sido a realidade em Portugal desde a segunda quinzena de abril – sem um abrandamento do aumento de casos e no cenário em que o país chega aos 2 mil novos casos diários poderão registar-se de novo mais de 40 óbitos por semana. A plataforma de projeções do ECDC European Covid-19 Forecast Hub faz a sua análise com base na combinação de modelos desenvolvidos por mais de uma dezena de instituições, que têm em conta diferentes critérios, seja a tendência das últimas semanas, a percentagem de população vacinada ou o efeito de novas variantes, como é agora o caso da delta, mais transmissível e sobre a qual o ECDC vai publicar esta semana uma nova avaliação de risco, indicou ao i o organismo europeu.

Dados nacionais De acordo com os dados reportados pela DGS, a semana começou com alguma desaceleração da subida novos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo. O maior salto na incidência de novos casos nos últimos dias verifica-se no Algarve. Os dados divulgados pela DGS revelam que o país está agora com uma incidência de 128 casos por 100 mil habitantes, com uma 7781 novos casos nos últimos sete dias, uma média a sete dias de 1111 novos casos. A região de Lisboa e Vale do Tejo aproxima-se de uma incidência cumulativa de 240 casos por 100 mil habitantes, sendo a segunda região mais perto de sair da matriz de risco, que fixa como valor crítico este patamar, o Algarve. Nos últimos sete dias, foram diagnosticados 536 novos casos na região algarvia, mais do dobro da semana anterior. A tendência de aumento continua a verificar-se no entanto em todo o país, pelo que na avaliação desta semana é expectável que mais concelhos entrem em alerta em todas as regiões e que alguns concelhos da AML, desde logo Lisboa, que já regista perto de 400 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, voltem a recuar no desconfinamento.

Lares preocupam mas visitas não vão ser limitadas A DGS confirmou esta terça-feira seis surtos ativos em lares de idosos, com 54 casos de infeção, muito menos do que no pico da epidemia em janeiro mas que já resultaram em duas mortes. Os dados fornecidos pela DGS por faixa etária sugerem no entanto que os casos entre idosos com mais de 80 anos ultrapassam a esfera dos lares: na última semana voltaram a ser diagnosticados mais de 200 casos nesta faixa etária, o que não acontecia desde abril. A ministra da Saúde afastou ontem o cenário de voltarem a ser interditas as visitas a lares, mas uma das preocupações é agora vacinar quem ainda não está imunizado. A task-force tem agora sinalizadas por parte da Segurança Social 8600 pessoas que estão ainda por vacinar em lares, entre utentes e funcionários. Marta Temido voltou ontem a admitir novos recuos no desconfinamento, concretizando que caso seja necessário poderá haver medidas em determinados eventos, redução de horários e novas restrições ao comércio, uma avaliação remetida para o conselho de ministros desta quinta-feira.