Encerramento de escolas no Algarve. “A minha filha chorou muito”

Os encarregados de educação de alunos do 1.º e 2.º ciclos de cinco concelhos do Algarve tiveram menos de 15 horas para se organizarem. Anúncio da suspensão das aulas presenciais foi feito no domingo à noite.

Encerramento de escolas no Algarve. “A minha filha chorou muito”

Os alunos do 1.º e 2.º ciclos de cinco concelhos do Algarve estão, desde ontem e até ao final do ano letivo, com aulas à distância. Entre a divulgação do comunicado emitido pela Administração Regional de Saúde e o horário letivo, os encarregados de educação tiveram menos de 15 horas para se organizarem.

“Estou a reagir muito mal. Tive conhecimento da medida por volta das 20h e de forma não oficial porque começou a circular o comunicado”, explica Marisa Rodrigues, mãe de Mariana, de 11 anos, aluna do 6º. ano da Escola EB 2,3 de Santo António, em Faro.

“Depois, pelas 20h40, recebemos o aviso oficial da suspensão das aulas e do regresso ao ensino online. A minha filha chorou muito”, desabafa a encarregada de educação, adiantando que, esta segunda-feira, a criança “teve aulas de Educação Musical e Educação Física de acordo com o horário normal e, apesar de serem duas disciplinas mais difíceis à distância, correu tudo bem”.

“Ela adora a escola. E agora, que já tinha feito os testes e estavam mais descontraídos e com alguns projetos como a pintura de um mural, aconteceu isto”, sublinha, avançando que não sabe como justificará as faltas ao trabalho.

“Não encontro informação acerca disto nem consegui contactar a Segurança Social Direta para perceber se o apoio extraordinário será o mesmo”, diz, referindo-se à possibilidade, contemplada na legislação, de faltar ao emprego para quem não pode exercer funções à distância, mas também para quem exerce aquelas que são compatíveis com o teletrabalho, mas opte por prestar assistência ao/à filho/(a) com menos de 12 anos ou que sofra de deficiência ou doença crónica.

Para usufruir deste apoio, criado em abril do ano passado, o trabalhador tem de avisar o empregador por escrito, com a antecedência mínima de três dias em relação à data em que interrompeu o trabalho. Neste caso, Marisa não o poderia ter feito.

 

Suspensão “com base no princípio da precaução”

Numa nota publicada, no domingo, no site oficial da Autoridade de Saúde Regional, Ana Cristina Guerreiro começou por elucidar que a medida foi tomada “com base no princípio da precaução, na sequência da existência de 816 casos confirmados ativos de Covid-19, com uma taxa de incidência a 14 dias (casos por 100.000 habitantes) de 583 para Albufeira, 329 para Faro, 448 para Loulé, 403 para Olhão e 326 para S. Brás de Alportel”.

De seguida, a delegada regional de saúde esclareceu que “esta medida, decidida pela gravidade da situação, de modo a conter cadeias de transmissão” estará em vigor “por um período previsível de 12 dias iniciado na segunda-feira, dia 28 de Junho 2021, coincidindo com o final do ano letivo” e “será monitorizada permanentemente e revista no dia 9 de Julho, com análise da situação epidemiológica dos Municípios nessa data”.

“A Investigação Epidemiológica está em curso e será garantida a vigilância de contactos pelas Autoridades de Saúde / Delegados de Saúde e Serviços de Saúde Pública, que irão identificar e manter em isolamento profilático e vigilância os contactos diretos dos casos confirmados, com o apoio permanente das Forças Policiais”, escreveu.

“Informa-se a comunidade educativa das escolas que, caso surjam sinais ou sintomas, deverá ser contactada a Linha SNS24 (808 24 24 24)”, finalizou a delegada que ordenou a suspensão das aulas presenciais das instituições de ensino públicas e privadas.