Radiografia das estatais

A reforma administrativa prometida por Bolsonaro não prospera no Parlamento, consolidando o Brasil como o sétimo país dominado em gastos com funcionários públicos.

Por Aristóteles Drummond

A equipe do Ministério da Economia que trata das privatizações, diante da campanha contra a venda das estatais, resolveu liberar estudo sobre a realidade destas empresas, que, no dizer de Roberto Campos, pertencem a seus funcionários e não ao país, e muito menos a seu povo. Os salários e vantagens são muito superiores aos da administração direta e do setor privado. Tem estatal com prêmio pela assiduidade do funcionário, outras que pagam educação em escolas privadas a filhos de funcionários, todos têm planos de saúde e tem quem pague gratificação de férias em dobro do que a lei determina. Muitas são altamente deficitárias e outras, como os Correios, ineficientes.

O atual Governo tem conseguido algo, como a venda de ativos da Petrobras e a distribuidora de combustíveis, a maior do Brasil, cujos restantes dos 37% estão sendo vendidos.

A reforma administrativa prometida por Bolsonaro não prospera no Parlamento, consolidando o Brasil como o sétimo país dominado em gastos com funcionários públicos. Os mais bem-remunerados estão no Judiciário.

A mentalidade terceiro mundo, apoiada pelos partidos de esquerda, influentes nas estatais da Justiça, tem sido mais forte do que a dos 57 milhões que votaram no Bolsonaro, pensando que ele mudaria esta situação.
 
Variedades

• Na área da pandemia, o governo se enrola cada vez mais e as vacinas são insuficientes para ocupar a estrutura que pode aplicar mais de dois milhões de doses por dia. E agora há suspeitas de uma compra ainda não confirmada de vacina chinesa a um preço 50% superior ao da Pfizer.
 
• E o Presidente ocupa o noticiário com seu comportamento diferente. Semana passada, foi grosseiro com uma repórter da Globo, usando, mais uma vez, palavras de baixo calão. A CPI no Senado deixa o Presidente cada vez mais acuado. A perda de popularidade das classes média para cima está evidente.
 
• O mundo dos negócios ignora essas coisas e grandes operações acontecem. O Banco Votorantim, associação do Banco do Brasil com o Grupo Votorantim, líder nos financiamentos de automóveis, pode ser vendido nas próximas semanas. A organização privada quer focar nos seus negócios tradicionais, com o cimento e subprodutos; o suco de laranja, com o qual ocupa um quarto do mercado mundial e metade do nacional; e o alumínio, com produção própria de energia. 
 
• A crise hídrica é a maior preocupação da área econômica. A energia já está cara e deve ficar ainda mais com o uso maior das térmicas. A estiagem foi a maior dos últimos 20 anos.

• A câmara do Rio aprovou a nova legislação para salvar o centro histórico da cidade, o mais atingido com a pandemia. A nova legislação vai permitir transformar edifícios comerciais em residenciais, com incentivos fiscais. O Rio, talvez, seja a única grande capital do mundo cujo centro não tem residentes. E o valor histórico e turístico da área é enorme, pois suas igrejas do século XVIII e XIX são relevantes, assim como o Teatro Municipal, Biblioteca Nacional, os museus de Arte Moderna e de Belas Artes e o Real Gabinete Português de Leitura com a sua sede manuelina deslumbrante.
 
• O jogador do Palmeiras Scarpa virou atração na internet como crítico literário. E que adora ler clássicos como os russos Tolstoi, Dostoievski, mais Orwell, Kafka, Camus e outros.
 
• O pai do Prefeito do Rio de Janeiro faleceu pela covid aos 78 anos.

Rio de Janeiro, junho de 2021