Vieira e restantes arguidos estavam sob escuta há um ano

Operação Cartão Vermelho começou em 2018.

Luís Filipe Vieira, o filho (Tiago Vieira), o empresário José António dos Santos (conhecido como “O Rei dos Frangos”) e o empresário desportivo Bruno Macedo que foram detidos esta quarta-feira vão ser presentes ao juiz de instrução Carlos Alexandre, esta tarde às 14h30, no Ticão. Seguidamente Carlos Alexandre autorizará a consulta pelos advogadas de defesa dos detidos das partes do processo que têm os actos que constam do mandado de detenção.

O Nascer do SOL sabe que a operação cartão vermelho começou em 2018 e há um ano que os arguidos estavam sob escuta.

Tal como i avançou, a venda de 25% do capital do capital da Benfica SAD a um empresário estrangeiro, obtendo com esta alienação ganhos milionários, sem a ter comunicado ao regulador dos mercados (o que representa uma contraordenação considerada muito grave, sujeita a multa elevada) é um dos objetos da investigação de que Luís Filipe Vieira está a ser alvo.

A este ilícito juntam-se ainda as suspeitas da prática de crimes de burla qualificada ao Fundo de Resolução bancária, de fraude fiscal qualificada e de branqueamento de capitais. Que estarão relacionados também com a transferência de jogadores (nomeadamente César Martins, Galeano e Cláudio Correa Ganiza) e quantias milionárias que foram desviadas da Benfica SAD para contas de Vieira.

As buscas decorram nas áreas de Lisboa, Torres Vedras e Braga e contaram com mais de cem operacionais. De acordo com a PGR estão a ser investigados “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

Aliás, nesta operação dois polícias tiveram um acidente rodoviário na noite de quarta-feira, em Braga. Segundo a PSP, a viatura policial foi embatida por uma outra que circulava sem luzes, na estrada nacional 205, na zona de Vila Verde, distrito de Braga, que "foi de imediato intercetada e o acidente registado", tendo-se constatado que circulava também sem seguro de responsabilidade civil válido.

A operação está a ser coordenada pelo procurador da República Rosário Teixeira, pelo coordenador da delegação de Braga da IT, Paulo Silva, e pelo juiz Carlos Alexandre, o trio que há quase sete anos deteve o ex-primeiro ministro José Sócrates por suspeitas de corrupção passiva, evasão fiscal e branqueamento de capitais, no âmbito da Operação Marquês.

Tanto o clube como a SAD já garantiram que não estãoa ser são alvo de investigação. "Nem a SAD nem o Sport Lisboa e Benfica (ou qualquer entidade por si controlada) foram constituídos arguidos no âmbito desta investigação, tendo sido prestada toda a colaboração solicitada pelas autoridades relevantes", comunicou o Benfica à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Mas isso não impediu que as ações fossem afetadas pelas suspeitas que recaem sobre o seu presidente: os títulos do Benfica caíram 5,52%, para 2,91 euros, na sequência das buscas e detenção de Luís Filipe Vieira.