O efeito Bolsonaro na intolerância

Os dias de Bolsonaro hospitalizado proporcionaram nas redes sociais, deploráveis manifestações de alegria com a internação do Presidente, como ostensivamente proclamar desejo de sua morte.

por Aristóteles Drummond

Ao ser eleito com votação tão consagradora, com uma vantagem de dez milhões de votos para o seu opositor de esquerda, Bolsonaro tinha tudo para aumentar sua popularidade. O Brasil estava cansado de escândalos de corrupção no governo Lula e no entorno do presidente Temer.

Temer teria sido uma solução de transição, se não tivesse mantido amigos tóxicos na sua intimidade. Todos comprometidos em casos de corrupção e mal conceituados. Bolsonaro entrou neste vácuo e se elegeu.

Surpreendentemente passou a ter atritos com seus próprios aliados, foi se isolando de crise em crise, criou desavenças institucionais e pessoais com o Judiciário e os parlamentares. Agride a mídia, sempre abusando de palavreado inadequado.

A pandemia o desorientou ainda mais, pois, apesar da incompetência política, a economia ia bem, como, aliás, continua, a despeito das crises sanitária e política. A livre empresa encontrou paz e segurança para investir, confiando nas reformas, que, nestes últimos 15 meses de governo, não devem ser aprovadas como o desejável. Haverá remendos; não reformas. E na paz no campo.

O grave agora é a divisão da sociedade, e até nas famílias, com a radicalização. Os dias de Bolsonaro hospitalizado proporcionaram nas redes sociais, entre pessoas de bom nível cultural e social, deploráveis manifestações de alegria com a internação do Presidente, como ostensivamente proclamar desejo de sua morte. Acusações impregnadas de ódio, como a de genocida ou corrupto, que fogem ao respeito pela democracia. Chocante que estas declarações foram de jornalistas, pessoas ligadas ao meio cultural, sem o menor constrangimento e nas redes sociais de pessoas supostamente educadas e com valores cristãos. Um quadro triste, em que defensores e opositores do presidente mostram cegueira diante dos erros e acertos do momento que o país vive.

Justificar essa barbaridade como resposta às manifestações infelizes e grosseiras do presidente não é ética nem moral. Um erro não justifica outro.

 

Variedades

• Pandemia vai cedendo com o avanço da vacinação. Mas sem afastar preocupações pela circulação de novas variantes do vírus. Só que não se consegue vacinas para aplicar dois milhões de doses por dia. Com duas doses são apenas 16 por cento dos brasileiros.

• A Shell e o grupo Gerdau, multinacional brasileira na metalurgia e siderurgia, darão início a gigantesco projeto de energia solar em Minas Gerais. A capacidade prevista é de 190 MW.

• Imóveis urbanos ou rurais só poderão ser negociados no mercado ou dados como garantia depois de vistoria e avaliação feita por engenheiro, arquiteto ou agrónomo. A antiga aspiração dos profissionais e empresas envolvidas no setor está em projeto do deputado Fausto Pinato, de São Paulo.

• Os grandes bancos e as representações de estrangeiros estão voltados para o crescimento do setor de gestão de fortunas. Neste ano, só com as vendas de empresas familiares foram mais de 25 mil milhões de euros equivalentes pagos aos vendedores. Até o Banco do Brasil, que é do Estado, entrou na disputa via seu Private.

• O professor-doutor Ibsen Noronha, de Coimbra, vai apresentar, em Brasília e no Rio de Janeiro, a sua tese de doutorado sobre a legislação imperial no Brasil, durante no reinado de D. João VI.

• Crise hídrica afetando o país. Na região da capital, Brasília, e de Goiás, a previsão é de mais de cem dias sem chuvas. Mas os reservatórios da capital estão em nível satisfatório. O preço da energia pressiona os custos e a inflação.

• Custos dos materiais de construção já inibem novos lançamentos. O grupo espanhol LAR adiou investimentos até o final do ano. Além das novas construções em todo o país, a pressão vem das reformas em habitações que chegam a representar 70% nas vendas dos grandes atacadistas.

• Parece mentira! O Congresso teve a coragem de aprovar, no Orçamento do Estado, cerca de um milhão de euros equivalentes para os partidos políticos gastarem no próximo ano eleitoral. No tempo dos governos militares, esta verba não existia. Bolsonaro pode vetar.

• O ex-Presidente Lula e os membros do PT hipotecaram solidariedade ao governo de Cuba, alvo «de manifestações apoiadas pelos EUA».

• E no final do mês Maria Bethânia lança um álbum com músicas inéditas. A ‘rainha da MPB’ completou 75 anos há semanas.

• Caiu o crescimento da população e nos últimos sete meses mais óbitos do que nascimentos no Brasil.

• O Presidente pode alterar o Ministério mais uma vez.

 

Rio de Janeiro, julho se 2021