O que esperar da COP 26

Como se podem interessar por alguma coisa, sem ser o enriquecimento pessoal com a corrução escondida, os dirigentes dos chamados países pobres, que no entanto têm as maiores fortunas do planeta?

A Cimeira do Clima da ONU que está a decorrer agora em Glasgow, Escócia, não deve trazer grandes novidades ao mundo. Especialmente, a acreditar em António Guterres, como penso que devemos fazer – apesar de tais desilusões terem sido manifestadas logo no início da Cimeira.

Pelo menos, não serão muito maiores do que as atingidas no Rio de Janeiro (1992), ou em Quioto (97), ou Paris (2015). Apesar de alguns contentamentos parciais que se possam demonstrar. Mas já se viu que um dos objectivos de Paris foi diminuído.

É verdade que estará lá o Presidente dos EUA, que levou este país a novos compromissos, depois do abandono de Trump. Mas faltarão os líderes de grandes poluidores, como é o caso de Putin (Rússia) e Xi Jinping (China), sobretudo no compromisso do metano. O dirigente de outro grande poluidor, a Índia, o PM Naranda Modi, parece ser neste caso um céptico ou negacionista, e se não soube governar a favor dos indianos, não se espera também uma preocupação com as pessoas de todo o mundo. Até pôde ceder nalgum campo. Mas mostrou-se indiferente à tragédia, pelo que ele julga serem motivos económicos egoístas.

Estes são os piores, ao lado dos muito poluidores que querem aproveitar as circunstâncias para melhorarem a economia, sem se interessarem pelo ambiente. Como se podem interessar por alguma coisa, sem ser o enriquecimento pessoal com a corrução escondida, os dirigentes dos chamados países pobres, que no entanto têm as maiores fortunas do planeta? Como o brasileiro, sempre pronto a pedinchar dinheiro aos outros, apesar das suas aparentes cedências finais. E digo ‘aparentes’, porque não ficou determinado nenhum mecanismo de verificação para ninguém, e cada um só fará o que quiser.

Mas mesmo os cépticos e negacionistas, apesar de olharem para o lado perante tantas tragédias climáticas, poderiam aceitar as vantagens de controlar os aquecimentos globais, egoisticamente, para garantirem a própria sobrevivência, que às vezes faz concorrência à ganância.