Aliados de ‘Zédu’ na mira dos EUA

Os generais angolanos ‘Dino’ e ‘Kopelipa’ viram o seu dinheiro ser congelado por corrupção. Já a filha do antigo Presidente, Isabel dos Santos, foi proibida de entrar nos EUA.

Washington quis garantir que dois dos antigos aliados de José Eduardo dos Santos – nomeadamente os generais Leopoldino ‘Dino’ Fragoso do Nascimento e Manuel ‘Kopelipa’ Vieira Dias Júnior – não podiam disfrutar de qualquer dinheiro que roubaram dos cofres de Angola e tenham escondido nos EUA.

‘Dino’ e ‘Kopelipa’, em tempos dois dos homens mais poderosos do regime mantido pelo MPLA, «são ex-funcionários do Governo que roubaram milhares de milhões de dólares do Governo angolano por meio de peculato», lia-se num comunica do Departamento do Tesouro dos EUA, esta quinta-feira. Já a filha do ex- Presidente angolano, Isabel dos Santos, foi alvo de sanções do Departamento de Estado por envolvimento em corrupção, ficando proibida de entrar nos EUA mais a sua família. 

O círculo mais próximo de José ‘Zédu’ Eduardo dos Santos acabou por ser um dos grandes alvos do pacote de medidas apresentado pela Administração de Joe Biden no Dia Internacional Anticorrupção. As sanções americanas apanharam os antigos aliados do ex-Presidente num momento difícil, após perderem o controlo sobre Angola para o entorno do Presidente João Lourenço, em 2017. 

‘Kopelipa’ – que tem reputação de ser um homem discreto, que gosta de evitar a ribalta – e ‘Dino’ já tentaram acalmar a situação, entregando ativos que compraram usando fundos públicos, incluíndo a cadeia de supermercados Kero, a empresa de biocombustível Biocom e participações em vários bancos. Contudo, isso não parou a investigação a estes dois generais, alcunhados de ‘Irmãos Metralha’ pela sua incessante rapina de fundos públicos angolanos.

’Dino’ e ‘Kopelipa’ «são também suspeitos de terem desviado milhões de dólares de projetos angolanos de infraestruturas e, em seguida, utilizarem as suas posições na economia angolana para se protegerem da possibilidade de acusações criminais», salientou o Tesouro americano. Além de que «como parte de um negócio de equipamento militar, Dias Júnior negociou com um fabricante de produtos de defesa de um país terceiro uma grande soma adicional de dinheiro para outros altos funcionários do governo». 

Como tal, os todos os seus bens e propriedade ficaram congelados, uma sanção que abarca ainda qualquer entidade que pertença direta ou indiretamente aos ‘Irmãos Metralha’. 

Já Isabel dos Santos, antiga presidente do conselho de administração da petrolífera estatal angolana, Sonangol, entrou na lista de pessoas que «desrespeitam os padrões internacionais e minam a democracia e o Estado de Direito» do Departamento de Estado. A filha de ‘Zédu’, que vive no Dubai desde que o pai saiu do poder, caiu em desgraça com a investigação Luanda Leaks, acabando sancionada por Washington pelo «envolvimento em corrupção ao desviar fundos públicos para benefício pessoal».