Salários. Valor pago à hora é superior a quem está nos quadros

Alerta é dado por Eugénio Rosa que fala em poupanças para as empresas na ordem dos 3317 milhões por ano. Diferenças também se aplicam nos homens que ganham mais do que as mulheres.

O salário hora dos trabalhadores com contratos a prazo e a tempo parcial em Portugal é inferior aos que tem contrato sem termo. O alerta é dado por Eugénio Rosa ao afirmar que, em média, os patrões pagam por hora menos 18,9% aos homens a tempo parcial do que o que pagam, também por hora, aos trabalhadores a tempo completo. Em relação às mulheres a diferença é de 18,5%. 

E o economista dá exemplos. No caso dos quadros qualificados que estejam com contrato sem termo, à hora é pago 14,83 euros aos homens e 10,40 euros às mulheres, mas esse valor desce para 8,77 euros e 7,20 euros, respetivamente, no caso dos contratos sem termo.

O mesmo cenário repete-se nos quadros médios, em que os homens recebem 9,88 euros e as mulheres 8,70 euros à hora para que está com contrato sem termo, mas esse valor desce para 7,15 euros e 6,36 euros à hora com termo. E os exemplos continuam independentemente da categoria. 

Eugénio Rosa lembra que, em termos médios totais, a remuneração base hora dos trabalhadores com contratos a prazo é inferior aos com contrato sem termo em 28%, e a nível de ganho médio a redução atinge -29,2%. E vai mais longe: “Quanto mais elevada é a qualificação maior é a diferença do salário hora entre trabalhadores com contrato a termo e sem termo. Por exemplo, a nível de quadros superiores a remuneração média horária dos trabalhadores com contrato a prazo é inferior aos que têm contrato sem termo em 40,6%, enquanto a nível de ganho a diferença para menos é também muito elevada pois atinge -42,7%. Enquanto isto se verifica a nível de quadros superiores, em relação aos profissionais não qualificados a remuneração base média dos com contrato a prazo é inferior às de contrato sem termo em apenas -4,7%, e a nível de ganhos a diferença é menor: -2,6%”.

O economista chama ainda a atenção que, de acordo com os dados do Eurostat, o salário hora médio em Portugal corresponde a 58% do salário hora médio dos países da União Europeia. “Mas no nosso país a desigualdade salarial é muito grande, recebendo os trabalhadores com contrato precário muito menos por hora do que recebem os trabalhadores com contrato permanente. O mesmo acontece em relação aos trabalhadores a tempo parcial. O trabalho precário e o trabalho a tempo parcial são fonte de lucros extraordinários para os patrões”, diz no estudo. 

E faz as contas: “Se os trabalhadores com contratos a prazo recebessem o mesmo salário hora que recebem os com contrato sem termo, os patrões teriam pago mais 3317,8 milhões de euros, em 2020, aos trabalhadores com contrato a prazo. E se tivessem de pagar o mesmo salário hora aos trabalhadores a tempo parcial que pagam aos trabalhadores a tempo completo teriam pago, em 2020, mais 1200 milhões de euros de salários”. O que leva o economista a dizer que houve uma poupança para as empresas de 4517,8 milhões por ano.