Responsável português na OMS diz que é muito cedo para declarar o fim da pandemia

Rogério Gaspar lidera há um ano o Departamento de Regulação e Pré-Qualificação da Organização Mundial de Saúde. Depois do acesso à vacina da covid-19 a nível mundial ter ficado aquém dos objetivos em 2021, salienta que a meta é garantir 70% de cobertura vacinal em cada país antes de 1 de julho de 2022, o que…

Responsável português na OMS diz que é muito cedo para declarar o fim da pandemia

Rogério Gaspar, desde janeiro de 2021 à frente do Departamento de Regulação e Pré-Qualificação da Organização Mundial de Saúde, considera que é "muito cedo" para falar do fim da pandemia e alerta que a desigualdade no acesso a vacinas a nível mundial continua a favorecer o aparecimento de novas variantes. 

Numa entrevista ao jornal i, publicada esta segunda-feira, o português que lidera a divisão na OMS responsável pelo processo de avaliação e distribuição de produtos farmacêuticos faz um balanço de 2021 e considera que a adesão à vacinação em Portugal foi uma "vitória da racionalidade e da ciência sobre a infodemia", mas alerta que provavelmente a Omicron não será a última variante do vírus e que esse sucesso não deve fazer baixar a guarda. 

"Não nos pode tornar displicentes com os enormes desafios futuros que se colocam, quer com o surgimento de novas variantes, quer com a necessidade de dosear estratégias de vacinação com a adopção de medidas de saúde pública tradicionais, envolvendo o uso de máscaras, álcool-gel, distância física, comportamentos seguros, arejamento de espacos, etc. O futuro não ficou decidido com esta primeira grande vitória. Falta ainda um longo caminho atá ao final e a capacidade de mobilizar todos, comunicando bem e atempadamente, vai ser sempre o grande desafio para todos os governos e para todas as autoridades de Saude", diz.

O professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa refere ainda que está em curso a aprovação de um instrumento internacional que permita uma intervenção operacional mais atempada por parte da Organização Mundial de Saúde perante emergências de saúde pública. "É importante que neste início de 2022 todos os estados-membros também deem prioridade à aprovação desse instrumento. Não se pode exigir à OMS que exerça um mandato que não tem. Hoje o mandato da OMS é o que existia no início de 2020. Será no futuro aquilo que os estados-membros permitirem ou desejarem que seja", diz.

Leia a entrevista completa no jornal i