Uma jornada desfeita em balas!

São as mulheres que continuam a dar o corpo às balas. Protegidas, apenas em situações calamitosas, de morte ou morte anunciada

A minha pergunta é para que serve o depoimento dos filhos em casos de violência doméstica? Para ignorarem, arquivarem? Como se as mensagens de um agressor condenado não dessem para suportar um historial de abusos, no tribunal! Um agressor, que em 2020, e que desde que os filhos são crianças, os agride verbalmente, parte a casa, fisicamente agride os filhos mais velhos, agride verbalmente a sua ex mulher e mãe dos mesmos filhos e os pais desta, foram prestados depoimentos desses mesmos maus tratos tanto em 2012 como em 2020, e foi condenado posteriormente em sete processos por crimes cometidos contra a segunda mulher, tudo na mesma comarca. No entanto e porque na violência doméstica, as mulheres e crianças que a aguentem, é arquivado por falta de provas!

Mais digo, como é que as queixas de um filho sempre abusado, podem ser ignoradas, vezes e vezes sem conta, tendo o mesmo prestado declarações no tribunal de família e menores e posteriormente em 2020? Mas são! E por continuarmos a ‘brincar’ com as agressões, as ameaças, as vidas estilhaçadas é que as tais ‘cifras negras’ da violência doméstica não baixam! As oportunidades não são dadas às vítimas que sobrevivem a este hediondo crime, mas aos agressores. Tantas as vezes, quanto necessárias.

Um agressor, que toda a vida manipulou a vida dos filhos do primeiro casamento, pelo medo, por ameaças, agressões e posteriormente presentes para obter por vezes o seu silêncio envenenado e um segundo casamento coberto pelo padrão do primeiro, com a exceção de a luta nunca ter parado de ser travada e de nunca nenhum tipo de silêncio ter sido manipulado ou comprado, mesmo quando a mãe e segunda mulher viu a vida da sua filha bebé a ser posta em risco. Mesmo quando foi agredida. Mesmo quando viu o seu pai agredido e por aí em diante. Tudo isto no mesmo tribunal. São as mulheres que continuam a dar o corpo às balas. Protegidas, apenas em situações calamitosas, de morte ou morte anunciada. Protegidas pelas suas famílias, também elas agredidas amassadas e reviradas. 

O que gostaria de perguntar enquanto ativista dos direitos humanos, e para sempre sobrevivente de um crime que não tem fim anunciado, é quando se tem meios para justificar os seus maléficos fins, como é que estas comarcas funcionam, ou se dizem funcionar em nome da justiça portuguesa? Sinto que as mulheres levam muito mais tiros na jornada, e nas ditas cifras negras, na altura, porque vezes e vezes sem conta, os tribunais falham, em proteger vidas humanas. Creio que deviam fazer as contas outra vez, pois tudo isto são cifras negras, vidas negras. Leio notícias e continuo a lê-las, os crimes que atentam contra o património, valem mais do que os que atentam contra as vidas humanas, e isso é inadmissível numa sociedade de direito. 

Temos, mais uma vez, de inundar as ruas, a porta dos tribunais, e tudo o que mexa com a palavra justiça, pois quem se senta para acusar e para condenar, não o faz, tendo nós a menor das expectativas! São golpes atrás de golpes, de crimes e atentados contra a vida das mulheres e crianças!