Empreendedorismo: imitar para inovar!

Nunca antes se ouviu falar tanto de empreendedorismo como nos dias que correm. Os programas de formação, as instituições de apoio e as notícias multiplicam-se e muitos são os casos de sucesso que andam a levar o nome de Portugal aos quatro cantos do Mundo.

Mas afinal como se aprende a ser empreendedor, como se aprende a ser inovador, como se alcança o sucesso num mercado tão competitivo? Na tentativa de responder a estas questões realizámos um estudo que visa compreender os processos de aprendizagem a que os empreendedores são expostos durante as suas vidas.

Os empreendedores podem aprender de duas formas: fazendo ou observando, sendo que a observação resulta na imitação do comportamento observado, a que chamamos de aprendizagem vicariante ou por modelação. O nosso estudo pretende estudar a relação que existe entre exposição a modelos competentes, capacidade de inovação e sucesso no mercado. O estudo foi feito na área da haute cuisine nos Estados Unidos da América.

Os resultados apontam para uma relação positiva entre imitação de modelos competentes, como pais, professores e mentores, e capacidade de inovação. O estudo também reforça a relação positiva que existe entre capacidade de inovação e sucesso no mercado. Assim sendo, conclui-se que a imitação de modelos competentes nas fases iniciais da vida do empreendedor (pais, professores e mentores) contribui para o desenvolvimento da capacidade de inovação, o que consequentemente leva ao sucesso do empreendedor no mercado.

Uma boa ilustração desse resultado é o restaurante Alinea, número um nos Estados Unidos e líder mundial em cozinha molecular. O Alinea é um exemplo mundialmente reconhecido de inovação em termos de produtos, processos e serviços. O chef, Grant Achatz, durante a sua vida foi exposto a diversos modelos competentes como os pais, que trabalhavam na indústria da restauração; os professores do conceituado Culinary Institute of America; e por fim um mentor, o mundialmente famoso chef Thomas Keller.

A nossa investigação propõe um modelo de aprendizagem que se baseia na exposição e imitação de comportamentos de inovação. Estes resultados são úteis não só para universidades, mas também para instituições publicas e investidores privados, pois se por um lado podemos prever a capacidade de inovar e o sucesso dos empreendedores no mercado, por outro lado podemos também adaptar a forma com se ensina e se fomenta o empreendedorismo em Portugal.

Concluímos assim que a capacidade de inovação dos empreendedores é fruto de uma aprendizagem contínua durante a vida, que se inicia na família e continua com os professores e mentores. Urge então a necessidade de se reforçar a exposição dos empreendedores a modelos competentes durante a sua formação, para que estes possam observar, imitar e assim aprender a inovar!

Professora, Católica Lisbon-School of Business & Economics