Alzheimer

Mas afinal, o Alzheimer, como todos os  médicos dizem, tem momentos de lucidez. Sobretudo no início, esses momentos são maiores

Ricardo Salgado foi finalmente condenado,  pelo Tribunal Central Criminal, a seis anos de prisão efetiva. E o juiz ainda obrigou o antigo banqueiro a entregar o seu passaporte, enquanto se continua nos recursos, a que o ex-banqueiro dá mau nome. Também deu como provado o Alzheimer.

Enquanto decorrem os recursos (e que se saiba, já perdeu um), só com autorização do tribunal é que Salgado passa a poder passar as fronteiras. Talvez acabem as passeatas de recreio, como a Itália, só para derreter plástico do dinheiro apropriado a terceiros. Cujos representantes se encontravam fora do Tribunal, a manifestarem-se pela devolução do seu dinheiro.

Provavelmente já o disse, mas nunca é demais sublinhar, que tanto Salgado, como o seu óptimo escritório de advogados, preferiram esquecer a defesa dos seus actos, que seria muito mais difícil, senão impossível, e acolherem-se apenas ao Alzheimer, como forma de evitarem uma condenação. E até parecia que a Justiça portuguesa, sempre polémica, dava para isso.

Mas afinal, o Alzheimer, como todos os  médicos dizem, tem momentos de lucidez. Sobretudo no início, esses momentos são maiores. A Salgado têm dado para pôr o seu dinheiro a recato. Mas nunca lhe passou pela cabeça devolvê-los aos mais prejudicados pela sua gestão do BES.

À espera de que o Alzheimer só por si funcionasse, para poder ele ficar com tudo, e os outros com nada. Até agora, não resultou.