Delírios do politicamente correto

Os novos movimentos de uma esquerda ignorante, preconceituosa e audaciosa vêm gerando polêmicas envolvendo questões menores e de difícil compreensão.

por Aristóeles Drummond

A Universidade de São Paulo (USP) está sendo acionada pela família do falecido banqueiro Pedro Conde, que estudou Direito ali. É que, com a sua morte, os herdeiros resolveram propor uma doação significativa para a reforma e modernização do auditório da Faculdade de Direito, desde que passasse a ter o nome do ex-aluno. Feita a obra, após contrato firmado, um grupo de estudantes resolveu que não poderia ter o nome de um banqueiro, e sim de um professor, por acaso marxista. A família resolveu pedir seu dinheiro de volta. Os estudantes querem mandar no lugar dos reitores. E a questão foi parar na Justiça.

Já a cidade de Aparecida, entre o Rio e São Paulo, teve de lutar três anos na Justiça para instalar uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil, incluindo um pedestal de 50 metros de altura. É que um grupo denominado ‘ateus do Brasil’ julgou que, sendo o Estado laico, não poderia aplicar recursos em imagens religiosas. E pediu também a retirada das existentes nas rotatórias da cidade. Ocorre que a economia local vive em função dos romeiros, mais de cem mil por semana. As autoridades calculam que 80% dos empregos estão ligados ao acolhimento de fiéis, hospedagem, refeições, vendas de artigos religiosas, missas.

Até a Universidade Católica do Rio já tem publicações e avisos usando termos inexistentes na língua portuguesa para não definir nada pelo sexo, uma espécie de terceira via (sic). Também não se deve chamar um afrodescendente de preto, mas sim de negro. Favela, termo incluído em muitos sambas, deve ser chamada de ‘comunidade’. O autoproclamado movimento negro insiste em propagar um preconceito que nunca houve no Brasil. Sempre exemplo de miscigenação racial e a metade da população tem algum componente negro ou índio. Além de forte presença nos últimos 150 anos, de japoneses, judeus, espanhóis, italianos e sobretudo libaneses.

Na cidade de Salvador, o nome de uma principal avenida foi trocado, substituindo um importante político brasileiro que governou São Paulo por três vezes, morto há mais de meio século, por um intelectual de esquerda falecido recentemente – merecedor da homenagem por ser nascido na cidade, mas em outro local.

Isso sem falar nos delirantes que queriam proibir o consumo de vodca russa e a circulação de seus clássicos da literatura.

 

VARIEDADES

• A Gol, uma das três grandes empresas aéreas do Brasil, apresentou, pelo terceiro ano, prejuízos significativos. A Latam, em recuperação judicial, também. A Azul é a mais saudável e passa a ser a maior das três. O governo não tem prejuízo, pois todas são privadas.

• O experiente ex-Presidente Michel Temer declarou que «o que está havendo no Brasil é violência e não divergência». Eleição deve ser resolvida nos tribunais e não nas urnas.

• O governador João Doria deixa o governo de São Paulo esta semana para disputar a presidência. Chance zero.

• Na obsessão para ganhar votos, o Presidente Bolsonaro resolveu antecipar o pagamento do décimo terceiro salário dos reformados. Mais uma humilhação pública ao ministro Paulo Guedes, que já foi defensor da responsabilidade fiscal e do respeito nos gastos.

• O Morro da Urca, escala do teleférico do Pão de Açúcar, voltou a receber shows musicais aos sábados. O Rio volta a sua agenda musical e de teatro. Olivia e Francis Hime, por exemplo, estão no Teatro Prudential (antigo Bloch) com uma seleção de músicas em parceria com Chico Buarque.

• O Supremo continua a anular provas de corrupção sob alegação de terem sido obtidas de maneira ilegal. Assim aumenta o número de políticos impunes ou com prescrição à vista.

• A Escola de Samba Império Serrano, das mais tradicionais, deve voltar à primeira divisão. Já fez um ensaio no Sambódromo carioca, para o desfile de 21 de abril. O enredo será em torno do capoeirista baiano Manuel Henrique Pereira, personagem cercado de lendas na Bahia dos ritos africanos. Uma ala com cerca de cem figurantes virá da Bahia, integrada por capoeiristas e os que tocam o berimbau, instrumento de uso local.

• A pandemia vai cedendo nos óbitos.

Rio de Janeiro, março de 2022