A rapaziada de Costa

“Este é o pior governo desde a Rainha Dona Maria”. A frase, apesar de assentar que nem uma luva aos dias de hoje, não é actual, tendo sido proferida há quase três décadas.

Sousa Franco, apanhado numa conversa de café, referia-se nestes termos ao segundo governo de Guterres, de quem, aliás, fora ministro das finanças no anterior executivo.

Se Sousa Franco ainda fosse vivo, certamente que voltaria a ter um desabafo idêntico, adaptando-o aos tempos modernos.

Na verdade, em quase meio século de partidocracia, nunca um governo se tinha confundido tanto com um partido político como este que vai tomar posse amanhã.

Costa chamou toda a rapaziada que lhe é próxima, aquela que não pensa pela sua própria cabeça, mas sim pela do chefe, para com ele conviverem alegremente no governo que deveria ser da Nação, mas que não passa de uma extensão do Largo do Rato.

Aliás, para poupar dinheiro aos contribuintes, as reuniões do executivo bem se poderiam realizar na sede do PS e por lá se distribuírem os gabinetes ministeriais.

A justificação é a de que, considerando os tempos difíceis que atravessamos, como se nas últimas décadas tivéssemos passado, alguma vez, por tempos saudáveis, se torna necessário o recurso a ministros com um vínculo mais político do que técnico.

Certamente que Costa teria encontrado dentro da classe política muita gente com melhores habilitações e mais bem preparados do que estes politiqueiros que sempre orbitaram à sua volta.

Esta equipa, na qual pontificam os putativos herdeiros de Costa, caracteriza-se por ser constituída, quase em exclusivo, por boys e girls que cresceram na jota socialista e dali pularam directamente para os gabinetes de S. Bento, seja no governo ou no parlamento, sem antes se terem distinguindo em qualquer percurso profissional.

Nunca dirigiram uma empresa, nunca tiveram que pagar um ordenado seja a quem for, nunca tiveram a seu cargo a direcção de trabalhadores, nunca se empenharam num trabalho de responsabilidade, nem tão pouco alguma vez tiveram que responder perante uma entidade empregadora.

Ou seja, a experiência de vida que ostentam limita-se á lide partidária!

E, ao que tudo indica, um deles, talvez num futuro mais próximo daquele que se avizinha, vai-se sentar na cadeira que ainda pertence a Costa.

Mariana Vieira da Silva foi catapultada para o governo por influências paternas, com quem, aliás, chegou a coabitar em conselhos de ministros.

Não se lhe conhece, ao longo da sua ainda curta carreira profissional, toda ela exercida no campo político, um único desígnio, para além da vassalagem canina ao seu mestre, a quem tudo se presta.

Será ela a número dois do governo, a substituta de Costa durante as suas ausências ou impedimentos.

Valha-nos Deus!

Pedro Nuno Santos, o protótipo do burguês da esquerda caviar que jamais passou por dificuldades e que gosta de se passear num Porsche, conhecido mais pelo feitio truculento, próprio de meninos mimados que não aceitam ser contrariados, do que pela competência com que se entrega aos trabalhos que tem a seu encargo, foi despromovido para a cauda da hierarquia dos ministros, mas mantém-se na pole position para suceder a quem lhe estendeu a mão e o lançou na ribalta política.

É também conhecido, entre os seus pares, por ser aquele que mais se preocupa com os pobres. Daí ser um fervoroso defensor da sua multiplicação, através da apologia das políticas extremistas e radicais em curso na Venezuela e noutros paraísos socialistas.

Ana Catarina Mendes, outra a quem não se reconhece nada de registo, a não ser o de se ter  responsabilizado, nos últimos anos, por promover a imagem do seu chefe no parlamento e na comunicação social, área onde se tem movido como comentadora, faceta na qual tem evidenciado uma completa carência de imparcialidade e objectividade.

Os seus esforços foram recompensados, sendo premiada com assento no conselho de ministros.

Fernando Medina, o carrasco de Lisboa, o grande culpado pelo caos em que a capital do País se transformou, tendo sido, precisamente por isso, recentemente castigado pelos lisboetas.

O prémio de consolação é a pasta das finanças, matéria da qual ele percebe tanto como os russos de táctica militar.

Que me recorde, é a primeira vez que o regime coloca nas finanças alguém que não tem qualquer histórico nesse sector. Palpita-me que em pouco tempo o erário nacional estará no mesmo nível daquele que ele deixou ficar na autarquia que dirigiu!

Pela negativa e perplexidade, registe-se mais dois personagens, Duarte Cordeiro e Adão e Silva.

O primeiro tem-se destacado por ser o moço de recados de Costa, tendo-lhe sido atribuída a tarefa de enganar a toda a hora o eleitorado, levando-o a acreditar nas mentiras das virtudes da governação socialista, empreitada que, há que o reconhecer, conduziu com êxito.

Compreende-se, pois, que o chefe o tenha galardoado com o título de ministro, mas fica por explicar a razão de lhe ter sido oferecida a pasta do ambiente, área em que não se lhe conhece qualquer atributo.

Adão e Silva, durante anos a fio serviu de correia de transmissão dos governos socialistas junto da imprensa, aproveitando amiúde, nos comentários a que se prestou nas televisões e nos jornais, para enaltecer as supostas qualidades dos dois últimos chefes de governo do PS, ofício em que se especializou até ser nomeado responsável pelas celebrações dos 50 anos da abrilada.

Após o convite para aquelas novas funções, e perante a contestação ao seu nome, justificada pela falta de isenção para o exercício do cargo que lhe fora confiado, procurou convencer meio mundo que se afastara do PS, em geral, e de Costa, em particular, afirmando-se então como genuinamente independente.

Na véspera de ser divulgada a constituição do novo governo, ainda jurou a pés juntos que dele não iria fazer parte.

Estamos conversados quanto à coluna vertebral desta rapaziada.

Gostaria de acreditar que estes novos ministros nos vão surpreender pela positiva, até porque é o futuro de Portugal que está em jogo, mas, no entanto, não duvido de que se vão empenhar em colocar os interesses partidários acima do interesse nacional, conforme tem sido apanágio deste regime.

Mas há dois novos ministros, que se estreiam nessas funções, que vão ser um factor de extrema preocupação.

O da educação, porque, enquanto secretário de estado na anterior legislatura, foi o principal mentor da introdução abusiva da ideologia do género nas escolas.

Foi ele, convém não nos esquecermos, quem determinou o chumbo de dois brilhantes alunos, apenas porque estes se recusaram a frequentar as aulas de doutrinação política, camufladas com a denominação de cidadania.

Os bloquistas e seus associados podem dormir descansados, porque não vai haver qualquer tipo de abrandamento na lavagem ao cérebro das crianças em idade escolar, muito pelo contrário, esta vai ser intensificada.

O outro caso de grande apreensão para o futuro é o da ministra da defesa.

Sim, Portugal nunca conseguiria alcançar o objectivo de ser um país moderno, evoluído, tolerante, desenvolvido e alvo de admiração para lá das nossas fronteiras, enquanto não tivesse uma mulher a responsabilizar-se pela defesa nacional.

A senhora ascende ao posto em questão não por se ter evidenciado no mundo relacionado com a vida militar, mas sim pelo preenchimento de quotas, em especial com as destinadas às chamadas causas do género.

A sua formação é em sociologia do género, seja lá o que isso for, e as suas primeiras declarações, mesmo antes de tomar posse, não auguram nada de bom para o que aí vem.

Não é de descartar a ideia de que a sua primeira cruzada vai ser a implementação, em todos os quartéis militares, de casas de banho sem identificação de sexo, para que aqueles que têm dúvidas quanto ao seu não se sintam melindrados.

Graças a Deus que não é previsível, a médio prazo, a nossa participação directa em qualquer conflito militar.

A recondução das ministras da saúde e da agricultura apenas vêm provar que neste país a mediocridade é sempre recompensada.

A anarquia reina em quase todos os hospitais: as greves de médicos, enfermeiros e de pessoal auxiliar, legítimas, porque assumidas pela ausência de condições de trabalho, são frequentes; a notória falta de efectivos em todos os sectores profissionais, causa primária do deficiente funcionamento das unidades de saúde, não é colmatada; a sistemática morte de doentes   causadas pelo atraso em consultas e cirurgias caem no esquecimento e indiferença; mas a ministra, primeira responsável por este estado de coisas, mantém-se no seu posto, vá-se lá perceber porquê!

A agricultura foi completamente abandonado à sua sorte, mas a titular da pasta, que andou desaparecida em combate durante toda a legislatura, vai continuar a primar pela ausência.

Os poucos ministros do anterior governo que se destacaram por algum grau de competência foram despachados, os incompetentes foram reconduzidos.

E os boys e girls tomaram de assalto os principais ministérios!

É este o retrato do novo governo do PS, que não o de Portugal!

Pedro Ochôa