Seca mantém-se e agravou-se na primeira quinzena de abril

IPMA prevê resto do mês frio e chuvoso, mas não deve chegar para acabar com a seca. 

Prevê-se chuva para os próximos dias e é bem precisa: na primeira quinzena de abril, os indicadores de seca meteorológica no país voltaram a agravar-se, com a precipitação abaixo do que são os registos médios para esta altura do ano. De acordo com o balanço intercalar feito pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a que o i teve acesso, a 15 de abril mantinha-se a situação de seca em todo o território nacional. A situação não é tão severa como a que se verificava no fim de fevereiro, em que 60% do território chegou a estar em seca extrema, o que agora não acontece em nenhuma zona do país. Mas a percentagem de território em seca moderada e severa aumentou face ao final de março, com as situações mais problemáticas a registarem-se ainda no Alentejo, nos distritos de Setúbal e Beja, em Setúbal e, a Norte, no distrito de Bragança. 

De acordo com a avaliação do IPMA, comparando com situações de seca anteriores, este continua a ser o terceiro ano hidrológico mais seco de que há registos e a terceira seca mais severa que o país enfrenta, ultrapassada apenas pelas secas de 2004/2005 e 2011/2012.

Na última grande seca de há dez anos, chegou-se ao fim de abril com mais de metade do país em seca severa, o que agora se verifica apenas em 18% do território, ainda assim um agravamento face aos 15,9% do fim de março.

O cenário poderá melhorar nas próximas semanas, mas se não chover muito mais em maio, e depois no verão, o mais provável é que a seca se arraste, numa altura em que os agricultores admitem alguma recuperação mas danos irreparáveis no início do ano e em que existe ainda um défice de água nas albufeiras face aos registos normais. Com a chuva de regresso depois de uma Páscoa com temperaturas de verão, o IPMA prevê que esta segunda quinzena do mês seja marcada por tempo mais chuvoso e frio do que o normal para a época, o que torna provável a diminuição da intensidade da seca. Mas considera ser cedo para antecipar o seu fim: “Numa antevisão da situação de seca meteorológica e de acordo com as previsões meteorológicas será provável a continuação da seca meteorológica no final de abril em grande parte do território, no entanto com provável diminuição da sua intensidade”, lê-se na avaliação. Até 15 de abril, choveu apenas 38% do normal para este mês do ano e será preciso chover mais do que o normal tanto em abril como em maio para o país sair da situação de seca, compensando a falta de água dos primeiros dois meses de 2022.

Água em castelo de bode subiu 4 metros 

A Agência Portuguesa do Ambiente tinha remetido para este mês uma reavaliação da situação nas barragens onde o nível de água desceu para níveis de alerta e onde foi suspensa a produção de eletricidade em fevereiro, o que por agora se mantém.

A monitorização do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos mostra que com a chuva das últimas semanas o nível da água tem estado a recuperar, mas as cotas continuam abaixo dos níveis históricos. Em Castelo de Bode, onde a água recuou para os níveis mais baixos desde 2001, já houve uma recuperação de quatro metros face à cota mais baixa atingida a 13 de fevereiro de 2022. Segundo os dados analisados pelo i, esta terça-feira a cota da albufeira que abastece Lisboa situava-se nos 110,13 metros, ainda assim muito abaixo do que é normal por esta altura, 116 a 117 metros.

Na barragem minhota do Alto Lindoso, onde a produção de eletricidade foi também suspensa a 1 de fevereiro, a água subiu sete metros desde o momento de maior recuo da cota ainda em janeiro, situando-se agora nos 294,21 m. Há um ano, sem seca, estava na casa dos 328 metros.