Papa Francisco crítica líder da igreja russa: “Não seja o acólito de Putin”

O Patriarcado de Moscovo, em resposta às declarações do Papa, emitiu esta quarta-feira um comunicado no qual crítica o líder da Igreja Católica, dizendo ter reproduzido de forma errada a conversa entre os dois.

O Papa Francisco pediu a Kirill, líder da igreja ortodoxa russa, para que "não seja o acólito de Putin". Numa conversa, que ocorreu no dia 16 de março, via zoom, e que durou cerca de 40 minutos, o Papa alertou a Kirill que a linguagem deverá ser "a de Jesus", e não a da política, criticando assim o líder da igreja russa por apoiar a guerra de Vladimir Putin, de acordo com o jornal italiano Corriere della Sera. 

"Nos primeiros 20 minutos ele leu para mim, com um cartão na mão, todas as justificações para a guerra", disse o papa, ao mesmo jornal italiano. "Ouvi-o e depois disse-lhe: 'Não entendi nada sobre isso. Irmão, nós não somos clérigos do Estado, não podemos usar a linguagem política, mas sim a de Jesus.'" A conversa, disse Francisco, ocorreu no dia 16 de março, com ambos a concordarem em agendar um encontro no dia 14 de junho, em Jerusalém. 

O Patriarcado de Moscovo, em resposta às declarações do Papa, emitiu esta quarta-feira um comunicado no qual crítica o líder da Igreja Católica, dizendo ter reproduzido de forma errada a conversa entre os dois. "É lamentável que um mês e meio depois da conversa com o Patriarca Cirilo, o Papa Francisco tenha escolhido um tom errado para relatar esta conversa", diz a Igreja Ortodoxa Russa.

"Declarações destas dificilmente contribuem para que se estabeleça um diálogo construtivo entre as Igrejas Católica Romana e Ortodoxa Russa, que é particularmente necessário neste momento”, diz ainda o mesmo documento.