Presidente do Volt Portugal desfilia-se por discordância ideológica

O Volt “hoje é mais um partido de esquerda”, acusa o presidente Tiago Matos Gomes.

Tiago Matos Gomes, presidente do partido Volt Portugal (VP), desfiliou-se do mesmo, acusando um desvio do rumo ideológico que esta força política tem vindo a seguir a nível europeu e nacional.

Matos Gomes já tinha anunciado que não seria recandidato à liderança do Volt Portugal no próximo Congresso do partido, marcado para 25 e 26 de junho, e, na noite de segunda-feira, partiu para as redes sociais, onde anunciou a sua saída da estrutura política.

“Se quisesse resumir a causa da minha saída do Volt diria que teve a ver com questões ideológicas. Mas estaria a simplificar demasiado. E a história é um pouco mais longa”, começa a explicar o político através de uma publicação no Facebook, onde faz questão de agradecer a “todos os membros da CPN pelo trabalho desenvolvido e a todos os membros do partido o empenho durante a minha presidência”. “Estarei sempre disponível para conversar com todos os elementos do Volt. Não guardo qualquer rancor, apenas vamos seguir caminhos diferentes a partir de hoje”, conclui Matos Gomes.

Distanciamento Numa extensa publicação, o fundador do Volt acusa o partido de não ter “hoje uma única equipa funcional que, passe a redundância, funcione bem”. Matos Gomes enuncia várias razões para ter saído do partido, entre elas o posicionamento político do mesmo. “O Volt deixou de ser um partido moderado e já nem o que unia as várias tendências internas (sociais-democratas, liberais e verdes) é hoje um tema fundamental: o eurofederalismo. […]

Colocando-o no espetro político português, o Volt está hoje entre o Bloco de Esquerda e o Livre. […] O Volt hoje é mais um partido de esquerda e nesse sentido dificilmente terá espaço político para crescer”, acusa Matos Gomes, que aponta ainda o dedo à ‘gota de água’ que resultou na sua saída: “E por que razão saí ontem? Porque, mais uma vez, conversas privadas da Comissão Política Nacional (CPN) passaram para membros fora do órgão executivo. Foi a gota de água. Eu não poderia admitir mais uma deslealdade à CPN. Percebi também que vários membros, incluindo a vice-presidente, estavam profundamente descontentes com esta atitude. Eu perdi a pouca confiança que já tinha na secretária-geral, uma das pessoas que mais conspirou e que mais manipulou membros do partido.”