Morreram 68 pessoas por afogamento no primeiro semestre do ano

As vítimas são sobretudo homens e as tragédias decorrem maioritariamente em locais não vigiados.

Foram registados mais 16 óbitos por afogamento, no decorrer do mês de junho. Este número junta-se ao que já tinha sido noticiado pelo Nascer do SOL  que, até ao final de maio, tinham morrido 52 pessoas pela mesma causa. Ou seja, verificou-se, em Portugal, até 30 de junho, 68 mortes em meio aquático, um recorde dos últimos cinco anos, como avançou esta terça-feira a Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (FEPONS).

De acordo com os dados da FEPONS, as vítimas são sobretudo homens (72,1%) e as tragédias decorrem maioritariamente em locais não vigiados (97,15%). Também se tem verificado um aumento dos óbitos nas faixas etárias mais jovens, até aos 24 anos e que a maioria das vítimas mortais estava a tomar banho (26,5%), em que 5,9% encontrava-se a passear junto à água ou a pescar (5,9%). Por outro lado, a FEPONS destaca que existe um “equilíbrio entre os registos no litoral e no interior”.

Em 2021, também no primeiro semestre do ano, tinham sido registadas 46 mortes; 64 em 2020; 44 em 2019; 53 em 2018 e 62 em 2017, de acordo com os dados do relatório. “Num momento em que se está a registar uma enorme dificuldade na contratação de nadadores-salvadores, e num momento em que as temperaturas vão subir, estas conclusões preocupam a FEPONS, que apela à classe política uma urgente revisão da legislação deste setor”, é possível ler, sendo que esta ideia já havia sido transmitida ao Nascer do SOL há pouco menos de um mês.

“Continuamos a não valorizar a prevenção do afogamento. Está provado que 85% dos afogamentos podem ser prevenidos. Gastamos rios de dinheiro a recuperar cadáveres, mas investimos zero na prevenção. Se morre alguém gastamos facilmente mais de 100 mil euros nas buscas e na recolha do corpo: helicóptero, navio da Marinha… Quando chega ao final, é essa a conta”, declarou Alexandre Tadeia, presidente da FEPONS.

“Os políticos estão habituados a que as coisas sejam esquecidas. Estamos com uma enorme falta de nadadores-salvadores e o Estado ainda nem legislou nesse sentido. Temos cada vez menos gente a querer fazer isto: aqueles que o fazem trabalham imensas horas por semana e é óbvio que não querem continuar nisto”, realçou o também Professor e Investigador de Salvamento Aquático, Socorrismo e Segurança Aquática.