Nova vaga de calor, depois de termos mais do dobro da área ardida

No decorrer deste ano, já arderam quase 58 mil hectares, mais do dobro do que em todo o ano de 2021.

Nova vaga de calor, depois de termos mais do dobro da área ardida

Os próximos dias vão ser de temperaturas altas, numa altura em que, segundo dados provisórios recolhidos até ontem pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), foram registados este ano 6566 incêndios rurais, que resultaram em 57 940 hectares de área ardida, 49% da qual estava incluída em povoamentos florestais, 38% em matos e 13% em área agrícola. Estimava-se, aliás, que a área ardida pudesse até ultrapassar os 60 mil hectares ardidos ainda ontem. Isto depois de, só na semana passada, ter ardido mais do que em todo o ano de 2021, conforme o i noticiou na terça-feira.

Os dados do ICNF são ainda mais alarmantes tendo em conta que, a 8 de julho deste ano, quando se agravou o risco de incêndio com o aumento das temperaturas, o mesmo instituto revelava que tinham ardido desde o início do ano 12 473 hectares, o que significa que arderam 45 457 hectares, em apenas 13 dias.

Significa isto também que a área ardida é já superior (mais do dobro) àquela que ardeu na totalidade do ano de 2021, em que, segundo o relatório da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), se registaram 8223 incêndios rurais, que resultaram em 28 415 hectares de área ardida.

Os mesmos dados do ICNF dão conta de que a área ardida no decorrer deste ano é também a maior desde 2017, quando deflagraram em Pedrógão Grande os incêndios que vitimaram 66 pessoas, e a segunda maior desde 2013.

Portugal continental encontra-se em situação de alerta, que é o nível de resposta mais baixo previsto na Lei de Bases da Proteção Civil, desde segunda-feira. O mesmo manter-se-á, pelo menos, até hoje, devido ao risco de incêndio. Isto, depois de ter estado em contingência, nível intermédio, durante sete dias.

Hoje dezenas de concelhos passaram a estar em risco máximo, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IMPA), que apontam para um agravamento do estado de alerta em vários concelhos de Trás-os-Montes, da Beira Interior e da Beira Baixa. E a situação irá prolongar-se até dia 24.

 

Razões

O relatório de incêndios rurais do ICNF revelou ainda que 62% do total das causas apuradas dos fogos registados este ano prendem-se com queimas e queimadas, sendo as as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (28%) as origens mais frequentes, bem como as queimadas para gestão de pasto para gado (19%).