De pratos a restaurantes bizarros, há de tudo um pouco

Sabia que há quem lute para que um restaurante permaneça aberto mesmo estando infestado com baratas? E quem coma perto de caixões ou consiga, por exemplo, ingerir 2 quilos de carne de uma só vez? Parecem ideias absurdas, mas dos EUA a Inglaterra, passando por Taiwan, pela Tailândia e pela Índia, fazem-se autênticas descobertas.

A gastronomia, à semelhança de muitas outras áreas, evolui todos os dias. Por exemplo, se antes nos dirigíamos aos corredores da fruta, dos cereais ou das bolachas quando pensávamos em comprar um snack, agora podemos pegar rapidamente, por exemplo, numa barrita de cereais ou de chocolate enriquecida com insetos. Mas engane-se quem pensa que as surpresas ficam por aqui, pois, pelo mundo fora, existe um leque variado de inovações culinárias. 

Em Nova Iorque, por exemplo, era-nos possível visitar o Ninja Restaurant até 2020, sendo que esse não foi o primeiro ano em que fechou. Na verdade, o mais surpreendente, neste estabelecimento, não parecem ser o menu nem sequer a performance dos empregados, que quase faziam magia para alegrar os clientes e mostrar que dominavam – nem que fosse minimamente – as artes marciais. Em outubro de 2016, surgiu a placa “Fechado” à porta do famoso restaurante, deixando os frequentadores habituais e aqueles que queriam conhecê-lo indignados.

No entanto, o mesmo teve de encerrar as portas por ter uma quantidade absurda de baratas a passear como se ali não fossem servidas refeições. À época, os órgãos de informação noticiavam que «os insetos assustadores amam tanto o restaurante que, na verdade, quando o Departamento de Saúde passou recentemente pelo Ninja Restaurant, o inspetor encontrou baratas suficientes para garantir um fecho automático», tendo sido descrita a situação como uma «violação crítica» dos princípios de higiene que devem existir nos estabelecimentos comerciais. Mesmo assim, dizendo que somente não recebeu os clientes «devido a uma emergência», o proprietário conseguiu manter o negócio até ao início da pandemia de covid-19.

Da ‘Grande Maçã’, passamos para o Heart Attack Grill, em Las Vegas, onde o excesso de peso é apregoado e o lema «come para viver, não vivas para comer» nem sequer é tido em conta. Até porque quem subir a uma balança, à entrada, e pesar pelo menos 160 quilos… poderá comer à vontade sem pagar nem um dólar pela refeição. Quem tiver coragem para ingerir milhares e milhares de calorias numa única refeição, poderá provar o Single, Double, Triple, Quadruple, Quintuple, Sextuple, Septuple ou Octuple Bypass Burger, tendo a possibilidade de adicionar até 40 fatias de bacon extra ao hambúrguer. E se tiver sede, para além da Coca-Cola, da 7Up ou da Dr. Pepper habituais, optar por vinho tinto ou branco servido como se o cliente precisasse de levar soro ou medicação intravenosa também não será de estranhar!

Os empregados vestem-se de enfermeiros e médicos e, no final do almoço ou jantar, se tiver fome, poderá pedir um gelado com chantilly com sabor a vodka. Os preços que constam no menu não parecem ser excessivamente elevados. Por um Octuple Bypass Burger, que chega a ter quase 2kg de carne, paga-se 24 dólares, ou seja, o equivalente a 23 euros e 52 cêntimos.

Se ainda estiver com vontade de ir até ao estado do Nevada provar estas especialidades, talvez perca a vontade ao saber que já ocorreram mortes provocadas direta ou indiretamente pelo restaurante ou, pelo menos, pelo estilo de vida que promove. Em 2011, aos apenas 29 anos, Blair River, porta-voz do restaurante, morreu, com 261kg, por complicações relacionadas com uma pneumonia. Um ano depois, um cliente teve um ataque cardíaco enquanto comia um Triple Bypass Burger e o pormenor mais sórdido é o facto de os turistas terem fotografado o homem em questão por acharem que era um ator contratado pelo estabelecimento. 

Em abril desse mesmo ano, uma mulher ficou inconsciente enquanto comia um Double Bypass Burger, bebia álcool e fumava, enquanto em fevereiro de 2013, John Alleman, de 52 anos, perdeu a vida enquanto esperava por um autocarro na paragem em frente ao restaurante, tendo sido conhecido por ser um porta-voz informal do Heart Attack Grill.
Dos EUA viajamos até ao The Fat Duck restaurant, em Inglaterra, onde a gastronomia molecular é defendida e produzida. Sendo o seu proprietário o chef Heston Blumenthal, considerado o pioneiro da cozinha multissensorial e do encapsulamento do sabor, em 2005, foi considerado o melhor restaurante do mundo pela revista britânica ‘Restaurant’, tendo posteriormente começado a ocupar o segundo lugar.

Com três estrelas Michelin, o restaurante chega a ter uma lista de espera de centenas e centenas de pessoas que aguardam ansiosamente pela ida a Bray, para degustarem o menu preparado por Blumenthal, conhecido por – ao contrário de quem dirigia o Ninja Restaurant – ser obcecado por higiene e ter fechado o estabelecimento, em 2009, por alegadamente vários clientes terem sofrido uma intoxicação alimentar. Lá, paga-se entre 250 e 375 libras (o equivalente a 298 e 447 euros, respetivamente) por pessoa dependendo do dia da reserva e o vinho, assim como outras bebidas e ‘extras’, são cobrados à parte.

Independentemente da sujidade ou da limpeza, pode dizer-se que o New Lucky Restaurant, na Índia, atinge um novo nível de… Fator surpresa, possivelmente? Neste restaurante, em Ahmedabad, os clientes comem ao pé de caixões. Segundo o Times Of India, «existem 12 sepulturas dentro do restaurante e os clientes acreditam que essas sepulturas pertencem a alguns santos sufis do século XVI», sendo que «os empregados decoram esses túmulos com flores frescas todos os dias depois de limpá-los e prestam homenagem aos falecidos», na medida em que acreditam que tal «é extremamente importante e por isso fazem o que for preciso».

Pode desfrutar de chá e pães com manteiga – uma avaliação indica que eles são «de morrer» – ou pratos tradicionais do sul da Índia e bebidas geladas ou chá. Ou seja, o facto de o restaurante ter sido construído onde houvera um cemitério é um fator muito mais constrangedor do que o menu que, para além de ter pratos comuns da gastronomia indiana, apresenta igualmente preços baixos: o Zomato diz-nos que 300 rupias (3 euros e 68 cêntimos) são suficientes para pagar as refeições de duas pessoas.

Por fim, continuamos o nosso pequeno périplo pela Ásia no Modern Toilet, em Taiwan, e no Cabbages and Condoms, na Tailândia. No primeiro, podemos beber coca-cola num urinol, comer gelado de chocolate com formato de fezes numa pequena sanita e os clientes comem sentados em sanitas decoradas com os mais variados padrões e cores.

Para duas pessoas, o preço ronda os 500 novos dólares taiwaneses, isto é, aproximadamente 16 euros e 39 cêntimos.
No segundo – o senhor Mechai (Mr. Condom) explicou a órgãos de informação tailandeses que, na Tailândia, podemos visitar qualquer loja ou supermercado e encontramos couves, defendendo que o mesmo deve acontecer com os preservativos –, cujo preço por pessoa varia entre os 15 e os 98 euros, de acordo com informação disponível no Trip Advisor – a decoração apresenta preservativos em todos os lugares, e eles são usados de forma bastante criativa, como explicam os bloggers de viagens que já o visitaram. 

«Os vestidos dos manequins, as lâmpadas e os cordões de luzes são feitos de preservativos. Depois do jantar, não espere um rebuçado de mentol, pois em vez disso receberá preservativos grátis», lê-se na plataforma ‘Restaurant Engine’, garantindo que o proprietário assevera que «a comida deles não causa gravidez».