Rússia. Kremlin nega estar a sofrer efeitos de contra-ataque em Kherson

Ucrânia afirma ter lançado operação de contra-ataque para recuperar região no sul da Ucrânia.

O Kremlin insiste que as operações militares na Ucrânia estão a decorrer como planeado, apesar de diversos relatos de que as tropas de Kiev estão a lançar, no sul do país, um feroz contra-ataque. 

Num briefing com jornalistas realizado pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, foi lhe questionado sobre os comentários do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que as tropas russas deveriam fugir após os militares da Ucrânia romperam várias defesas russas na terça-feira.

“A operação militar especial continua. Continua metodicamente e em coordenação com os planos atuais. Todos os objetivos serão cumpridos”, respondeu o porta-voz, citado pelo Guardian, acrescentando ainda que os pedidos de alguns líderes europeus pela proibição de vistos de turismo para russos são “irracionais”, assim como toda a agenda anti-russa do Ocidente.

“É claro que estas ações não podem ficar sem resposta”, declarou. 

As declarações do Kremlin chegam numa altura em que estão a ser reportados intensos combates em quase toda a região do Kherson entre forças ucranianas e russas. 

“Explosões poderosas tiveram lugar todo o dia [segunda-feira] e toda a noite na região de Kherson. Estão a decorrer combates intensos em quase todo o território da região”, acrescentando que as tropas ucranianas “lançaram ações ofensivas em várias direções”.

No início de terça-feira, o Exército ucraniano garantiu que lançou uma ofensiva em diversas frentes no sul do país e que conseguiu romper uma primeira linha de defesa das tropas russas em Kherson.

“As forças inimigas são bastante poderosas, estão a mover-se para aí há muito tempo, reunindo reservas militares, equipamentos… Mas as nossas medidas prévias, o que chamamos de controlo de fogo sobre a logística inimiga, funcionaram”, apontou Nataliya Humenyuk, chefe do Centro de Imprensa da Coordenação Conjunta das Forças de Defesa do Sul da Ucrânia, citada pelo jornal Ukrainska Pravda.

“Destruímos armazéns com munições, destruímos concentrações de equipamento militar e destruímos as instalações de defesa aérea. Tudo isso enfraqueceu definitivamente o inimigo”, acrescentou.

Face a este cenário, o Presidente Zelensky instou as tropas russas a fugirem de uma eventual ofensiva lançada pelas forças da Ucrânia perto da cidade de Kherson, no sul do país, afirmando que estão a retomar o seu território.

A maior parte da região de Kherson, na fronteira com o Mar Negro, e a sua capital provincial de mesmo nome, foram tomadas pelos militares de Moscovo no início da invasão, há seis meses.

Esta terça-feira, chegaram atualizações de meios de comunicação internacionais que afirmavam que um líder do Kherson ocupado, instalado em Moscovo, teria fugido para a Rússia, um dia depois de Kiev anunciar o tão esperado contra-ataque com o objetivo de recuperar a região sul das forças russas.

Kirill Stremousov, que foi nomeado vice-chefe da administração militar-civil de Kherson, publicou atualizações regulares de Kherson para agências de notícias estatais russas e na sua conta no Telegram.

Contudo, o ativista ucraniano Serhii Sternenko, citado pelo jornal inglês, afirmou que Stremousov não está mais em Kherson e filmou o vídeo onde fazia estas declarações noutro local perto da Catedral da Anunciação em Voronezh, na Rússia, que pode ser visto ao fundo.

Apesar destas notícias, as autoridades ucranianas insistem de que tudo está a correr pelo melhor. Segundo o governo russo, “esta nova tentativa de operações ofensivas do inimigo falhou miseravelmente” e “unidades do Exército ucraniano sofreram pesadas perdas devido à defesa ativa das tropas russas”.

O Exército russo reivindicou ter destruído 26 tanques, 32 carros blindados e dois aviões caça Su-25 das Forças Armadas ucranianas, e ainda ter abatido 560 soldados, no entanto, estas informações não foram confirmadas de forma independente, segundo a agência de notícias France-Presse.

Apesar destes dados fornecidos pelas autoridades russas não terem sido confirmados, chegam informações da Ucrânia de que pelo menos quatro pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas após um ataque russo em Kharkiv, afirmou o governador regional, Oleh Synehubov.