Alzheimer Portugal pede que doença seja prioridade social

Associação lançou manifesto onde alerta para o sub-diagnóstico e “falsas crenças” como a de que a demência é natural no envelhecimento.

Fazer da doença de Alzheimer e de outras demências uma “prioridade social e de saúde pública em Portugal”. O repto foi lançado ontem pela associação Alzheimer Portugal num manifesto que antecede o dia mundial da pessoa com Alzheimer, que se assinala a 21 de setembro. “É uma pandemia silenciosa, muitas vezes invisível ao olhar do outro, e que atinge, em Portugal, cerca de 200 mil pessoas”, salienta a associação no documento, sublinhando que a doença acarreta elevados custos sociais e emocionais, mas também financeiros. “Anualmente, Portugal gasta uma média de dois mil milhões de euros – equivalente a 1% do PUB – com a doença de Alzheimer, em custos diretos médicos e não médicos”, escreve ainda a associação, citando dados de um estudo do Centro de Medicina Baseada em Evidência. “Mais de 50% destes custos são suportados pelas pessoas com Doença de Alzheimer e pelos respetivos cuidadores informais”.

O sub-diagnóstico é uma das chamadas de atenção do manifesto ‘Pela Memória Futura’, que pede a concretização no terreno dos planos regionais de saúde para as demências contemplados por verbas do PRR mas também uma maior articulação e integração da resposta à demência e a “eliminação de assimetrias entre regiões nos cuidados prestados”.

A associação diz que “falsas crenças”, como pensar-se que a doença faz parte de um processo natural de envelhecimento e que não existem tratamentos, continuam a ser barreiras ao diagnóstico e defende também a necessidade de maior consciencialização para “eliminar o desconhecimento e o estigma”.

Com as pessoas com mais de 65 anos em maior risco, estima-se que o envelhecimento da população levará, nos próximos anos, a um aumento de casos em todo o mundo, passando-se de 57,4 milhões de pessoas com demência em 2010 para 152,9 milhões em 2050. Em Portugal, a estimativa é de que o número de casos duplique ao longo das próximas décadas, atingindo-se 347 mil casos em 2050. A criação de “ligações ágeis” entre os cuidados de saúde primários, hospitalares e continuados, “que acompanhe a pessoa desde os primeiros sinais da doença até aos cuidados de fim de vida” é outra das reivindicações da associação.