Os cálculos dos homens

É isto que me leva a dizer que todas e cada uma das notícias que tenho lido nos últimos tempos sobre a Igreja Católica, o Papa, o Cardeal-Patriarca, os Padres são tão irreais que me contorço todo a ler os jornais ou a ver a televisão. A interpretação dos factos, a linguagem, até mesmo as…

Gosto, muitas vezes, de ver a previsões do tempo… quase sempre acertam.

Às vezes não!

Gosto, também, de ver as previsões que os jornalistas e comentadores fazem sobre a vida da Igreja. Uns acertam, outros não! Mas a maior parte deles não consegue, de facto acertar…

Gosto, ainda, de ler as notícias sobre a Igreja Católica… A maioria não serve, sequer, para o caixote do lixo, porque erram em quase tudo o que dizem.

Eu estudei jornalismo numa das melhores escolas de comunicação de Lisboa: a Escola Superior de Comunicação Social. Tenho a dizer que não terminei o curso – porque fiquei doente – e faltam-me ainda algumas disciplinas do último ano.

Uma das disciplinas que não consegui mesmo fazer – porque sou mesmo um pouco limitado intelectualmente – foi a Cálculo Financeiro. Mas, apesar de muito esforço, consegui passar a Análise de Dados. Fui quinze dias de retiro para uma casa dos meus pais perto de Castelo Branco a trabalhar num programa chamado SPSS e consegui compreender a lógica das Estatísticas. Passei a essa disciplina com sucesso…

Imagine-se, agora, colocarem- -me a fazer notícias sobre cálculo financeiro ou sobre estatísticas? Muito provavelmente teria muitas dificuldades em analisar os dados e em discernir as finanças. A macroeconomia ou a macroeconomia são algo que me puseram a soar tardes inteiras para conseguir compreender. O problema não foi dos professores, mas meu! Bem, tenho de confessar que eram duas professoras e não professores (isto agora tem de se dizer tudo bem dito e penso que não errei no género).

Trabalhei vários anos numa espécie de jornalismo religioso sobre notícias sobre a Igreja. Para mim era fácil de transmitir em linguagem simplificada os acontecimentos da vida da Igreja. Essa era a minha ‘praia’!

Imaginem, no entanto, que agora me poriam a analisar e a escrever sobre o islamismo ou o judaísmo! Seria um dos maiores desastres da minha vida… eu não faço a mínima ideia sobre o fundamento destas duas religiões (apesar de ter algumas noções mais profundas do judaísmo).

Se me mandasse escrever sobre estas matérias ou outras que eu não domino – política, economia, sociedade, etc. – acredito que iriam gozar comigo até não poderem mais. E faziam bem, porque não tenho preparação para compreender quaisquer destas matérias. Até para votar eu tenho dificuldades em compreender e interpretar as políticas de cada um dos partidos quanto mais escrever sobre eles.

É isto que me leva a dizer que todas e cada uma das notícias que tenho lido nos últimos tempos sobre a Igreja Católica, o Papa, o Cardeal-Patriarca, os Padres são tão irreais que me contorço todo a ler os jornais ou a ver a televisão. A interpretação dos factos, a linguagem, até mesmo as coisas que dizem estão tão longe da realidade que não dá para fazer outra coisa senão rir até cair ao chão ou chorar de tanta ignorância.

Em Portugal, precisaríamos de ter jornalistas especializados em matérias religiosas que pudessem interpretar corretamente o fenómeno religioso. É que nem os termos que usam na escrita diz respeito à realidade…

É verdade que temos, talvez, uns quatro jornalistas que opinam sobre a religião com maior formação religiosa e que aplicam os termos certos (sinodalidade, colegialidade, transubstanciação, etc.). Mas ideologicamente tão tendenciosos que é uma pena escutar o que dizem sobre a religião.

A reunião do Vaticano desta semana foi muito importante? O Papa vai mudar alguma coisa? Vai haver mais leigos? Vamos agora ter a sensibilidade do povo a governar a Igreja? O Cardeal-Patriarca vai renunciar ou o Papa vai aceitar a sua demissão como António Costa aceitou a demissão de Marta Temido? Será que o sucessor do Patriarca vai ser o D. Américo Aguiar? Todos os cálculos que fizermos serão, seguramente, cálculos muito pouco fiáveis – porque retiram Deus da sua equação… mas para a semana eu direi um pouco mais, porque agora a carta já está fechada e não posso escrever mais!