Fernando Araújo ainda não aceitou qualquer cargo

Apesar da sucessão de informações desde esta manhã, após a despedida das crónicas do JN, o i sabe que ainda não há uma decisão.

Fernando Araújo não aceitou até ao momento o cargo de diretor executivo do SNS ou qualquer outro na nova equipa ministerial. Segundo o i apurou, apesar da sucessão de notícias ao longo do dia e mesmo reações à escolha, não há uma decisão tomada. Informações que ganharam balanço, esta terça-feira, com a despedida do atual presidente do Hospital de São João da crónica semanal nas páginas do Jornal de Notícias. Texto em que deixa um agradecimento à ministra da Saúde, felicita Manuel Pizarro e agradece a oportunidade para escrever semanalmente, o que agora cessa, sem apontar uma explicação na crónica. 

"Um reconhecimento especial aos leitores que, de forma muito afetuosa, foram enviando os seus comentários. Foram vinte semanas de crónicas reais, escritas com alma, sobre os problemas de milhares de portugueses", escreveu o médico nas páginas do JN.

O novo ministro da Saúde, que no passado já tinha defendido que a nova direção executiva do SNS devia ficar instalada na região com melhores resultados de Saúde, leia-se Norte, comentou a informação avançada esta manhã pelo Expresso e Sic Notícias, falando de uma "extrapolação abusiva", cita o Porto Canal.

Na semana passada, quando o Governo aprovou o diploma que cria a nova direção executiva do SNS, indicou também que a equipa gestora passaria pelo parecer CRESAP – Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública. Diploma esse que Marcelo recebeu com menos reservas do que tinha mostrado inicialmente aquando da revisão do estatuto do SNS – afinal, a nova direção executiva será um novo instituto público com autonomia, a "alternativa" mais ousada defendida pelo Presidente da República, e não apenas uma espécie de coordenação nacional SNS sem estatutos próprios – mas que Belém ainda não promulgou, o que impederia aliás qualquer nomeação oficial a esta altura.

Outros nomes pensados dentro do Governo para o novo cargo de CEO do SNS, ainda antes da entrada em funções de Manuel Pizarro, eram Carlos Nunes, presidente da ARS Norte e, a Sul, Raul Miranda Julião, que foi diretor clínico dos serviços sociais da Câmara Municipal de Lisboa e era, desde maio, adjunto do Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde António Lacerda Sales, como o Nascer do SOL noticiou. Sendo um dos nomes apontados para ministrável já antes do pedido de demissão de Marta Temido, Fernando Araújo não foi convidado para assumir a liderança do Governo.

Foi secretário de estado de Adalberto Campos Fernandes (2015 a 2018), junto com Raquel Duarte. Não são ainda conhecidos de resto também os secretários de Estado de Manuel Pizarro, que tomou posse no sábado.

A visão para a política de saúde

Na crónica no JN, Fernando Araújo anuncia que oito doentes serão operados no próximo domingo no Hospital de S. João, dia a que duas equipas do Centro de Responsabilidade Integrado (CRI) da Obesidade passarão a realizar cirurgias para combater listas de espera.

"Não é habitual, nos países europeus, realizar cirurgia programada ao domingo, seja no setor público ou privado. Neste caso, a vontade e motivação partiram da própria equipa, em função da elevada procura e na tentativa de cumprir com o tempo máximo de resposta garantida. Estes oito doentes aguardam cirurgia há cerca de sete, oito meses", escreve o médico, sublinhando o esforço dos profissionais e defendendo que será "infrutífero" sem "uma política robusta em matéria de promoção da alimentação saudável, da prática de atividade física ou do combate ao uso excessivo de bebidas alcoólicas ou aos hábitos tabágicos. Atualmente, um em cada dois portugueses é obeso ou tem excesso de peso, um em cada três é hipertenso, um em cada dez tem diabetes, uma das taxas mais elevadas nos países da OCDE", continua.

"Importa construir de novo uma estratégia, envolver os principais parceiros e implementar medidas consistentes que consigam alterar esta realidade. A prevenção da doença, incidindo nos seus principais determinantes, terá de ser uma pedra angular na futura política de saúde", defende, sendo estas algumas das áreas que teve em mãos na passagem pelo Governo há quatro anos.