Líderes europeus falam em “sabotagem” do Nord Stream

A Europa aponta o dedo ao Kremlin, os russos acusam os EUA. A fuga de gás natural pode virar tragédia ambiental. 

Três fugas simultâneas nos gasodutos Nord Stream, que ligam a Rússia à Alemanha, atravessando o Mar Báltico, foram descritos como atos de “sabotagem” por Ursula Von der Leyen, estando a ser apontado o dedo ao Kremlin. Sendo que “qualquer interrupção deliberada da infraestrutura energética europeia ativa é inaceitável e levará à resposta mais forte possível”, garantiu a líder da Comissão Europeia. 

A primeira fuga misteriosa foi detetada no Nord Stream 2, ao largo da ilha dinamarquesa de Bornholm. Pouco depois, outras duas fugas foram encontradas no Nord Stream 1, uma delas ao largo da Dinamarca e outra em águas suecas, logo após sismólogos registarem explosões nas imediações, avançou a agência France Press.

Viu-se borbulhar debaixo de água (foto abaixo), por onde passa o Nord Stream 1, dado que apesar dos gasodutos não estarem a funcionar de momento – o Nord Stream 1 está em reparações, o Nord Stream 2 nunca foi inaugurado – ainda havia restos de gás natural dentro desta infraestrutura que se extende por uns 1200 quilómetros.   

Alguns notaram o timming do incidente, que surgiu na mesma altura em que se inaugura um novo gasoduto entre a Noruega, que com a guerra na Ucrânia se tornou o maior fornecedor de gás natural da Europa, e a Polónia. Já a Rússia negou ter algo a ver com este incidente.

As alegações de Bruxelas “são bastante previsíveis e também previsivelmente estúpidas”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Apontando o dedo aos Estados Unidos, acusando-os de quererem beneficiar da exportação de energia para a Europa. “Eles estão muito, muito interessados em receber os seus super lucros”, denunciou.  

A expetativa é que equipas de investigação da Suécia e Dinamarca demorem algumas semanas a alcançar as fugas, quanto mais a haver reparações. Havendo alertas que, graças a estas fugas, é quase impossível que a Rússia recomece a bombear o seu gás natural através do Mar Báltico este inverno. 

Seja quem forem os responsáveis, os riscos ambientais deste incidente são enormes, avisou Stefano Grassi, chefe de gabinete do comissário europeu para a Energia. As fugas de gás natural “arriscam tornar-se um disastre climático e ecológico”, avisou Grassi, citado pelo Financial Times, preocupado libertação de metano um gás com um efeito de estufa muito maior que o dióxido de carbono.