Agora, queixam-se!

Há uns anos escrevi que a entrada maciça de imigrantes iria tornar a Europa um barril de pólvora, provocando graves conflitos sociais e a ascensão de partidos da extrema-direita. Agora, os que não quiseram percebê-lo estão a colher os frutos que semearam.

Não vale a pena tapar o sol com uma peneira: a direita e a extrema-direita avançam em toda a Europa. Não é só em Itália. Em Portugal, Espanha, França, Suíça, Alemanha, Áustria, Polónia, Hungria, Dinamarca, Noruega, Suécia, etc., etc., a extrema-direita tem vindo constantemente a ganhar terreno. Políticos como Ventura, Salvini, Marine Le Pen ou Viktor Orbán tornaram-se muito populares. 

Partidos e políticos que eram diabolizados há poucos anos, rotulados de «fascistas», estão hoje no governo ou à beira dele. Os eleitores perderam o medo aos rótulos. Ou o rótulo de «fascista» até já funciona ao contrário. «É fascista? Então é isso mesmo que eu quero!».

Se os meus leitores bem se lembram, há uns quatro anos escrevi um texto onde dizia que a entrada maciça de imigrantes iria tornar a Europa um «barril de pólvora», provocando graves conflitos sociais e a ascensão de partidos da extrema-direita. Não fui só eu a escrevê-lo, naturalmente: estava na cara. Mas a esquerda e mesmo a direita moderada não quiseram ouvir. A todos os que levantavam questões sobre a imigração, a esquerda continuava a chamar «xenófobos», «racistas» e «fascistas». Agora está a colher os frutos que semeou. Quem semeia ventos, colhe tempestades.

E certos comentadores, que na altura não conseguiram perceber o que estava a passar-se, hoje lamentam-se: «Aqui d’el-rei, que vem aí a extrema-direita!». Em vez de procurarem as causas dos problemas, e de tentarem encontrar respostas para eles, choram as consequências.

Uma destas noites, ouvi uma entrevista de Bill Clinton a Fareed Zakaria, onde este lhe perguntava se não tinha errado na política de imigração, que está hoje a causar grandes problemas nos EUA. Clinton – que me pareceu intelectualmente diminuído, muito palavroso, pouco sintético, com um raciocínio desconexo – começou por reconhecer que sim. Que a sua administração havia errado, pois não tinha previsto o volume de imigração que veio a verificar-se nos EUA e a nível global. E admitia ser preciso mais «controlo».

Mas, depois de dizer isto, lançou-se num ataque desenfreado aos republicanos por não quererem tantos imigrantes. Acusou-os de mandarem os imigrantes para Martha’s Vineyard, para chatearem os ricos e causarem problemas. Ou seja: Clinton começava num ponto, reconhecendo os erros, e, em vez de os tentar corrigir, voltava atrás e atacava de novo os adversários.

 Assim não se resolve nada.

A esquerda, que dominou ideologicamente a Europa desde o fim da 2ª Guerra Mundial, cometeu erros e insistiu neles. Não tirou ensinamentos da prática. E porquê? Porque pôs sempre a ideologia à frente dos factos. Esticou a corda até ao limite, pensando que podia avançar impunemente. Perante o silêncio da ‘maioria silenciosa’, quebrou todos os tabus e desafiou os valores tradicionais. Aprovou a liberalização do aborto e de certas drogas, o casamento gay e a respetiva adoção, a eutanásia. Promoveu a ideologia de género, a propaganda homossexual, inventou demónios como o ‘racismo estrutural’. A maioria foi engolindo sapos, até que um dia rebentou… 

Claro que o problema da imigração não é só ideológico – e por isso é mais difícil de resolver. À ideologia facilitista da esquerda juntam-se as necessidades do sistema capitalista. É preciso gente para trabalhar – e não há. As sociedades estão envelhecidas e os excessivos apoios sociais fomentam a preguiça. 

Os imigrantes são os novos escravos. Vamos a uma obra e o que vemos? Africanos e um ou outro brasileiro. Vamos a um restaurante e quem nos vem atender? Um brasileiro e um outro cidadão de Leste. Sem estas pessoas, a nossa sociedade não poderia já funcionar. 

Mas será isto solução? A solução para uma sociedade será importar mão-de-obra de regiões pobres, gente com outros hábitos, outra cultura, outras religiões? É óbvio que isto estalaria mais tarde ou mais cedo. Os conflitos culturais em muitos países da Europa já são graves e noutros são gravíssimos. 

Perante o panorama atual, torna-se urgente controlar a imigração na Europa. Involuntariamente, os imigrantes tornam-se cavalos de Troia – células destruidoras das sociedades que os acolhem.

Cada país tem de estar em equilíbrio. E tal significa ter gente suficiente para suprir as necessidades de emprego e manter a sustentabilidade da segurança social. Ora, para isso, é preciso rejuvenescer a sociedade. Aumentar a natalidade. Como? Apoiando a família, promovendo a estabilidade familiar e dando às pessoas um futuro. 

Uma Europa de velhos, de inúteis e de imigrantes, está condenada. 

Portugal tem de encontrar dentro de si próprio as energias necessárias para construir um país jovem, trabalhador e otimista.

Não há que fomentar a imigração mas a natalidade; não há que multiplicar os apoios sociais mas valorizar o trabalho. É este o caminho.