Ucrânia. Zelensky acusa Rússia de fazer “chantagem nuclear”

Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de tentar “semear o medo” com novas ofensivas e de fazer “chantagem nuclear”.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusa a Rússia de “chantagem nuclear”, após novos confrontos entre Moscvo e Kiev pelo controle da central nuclear de Zaporizhzhia, numa altura em que os invasores a cidade do sul da Ucrânia com sete foguetes, provocando a destruição de um prédio de apartamentos na manhã de quinta-feira.
As autoridades disseram à emissora pública ucraniana, Suspilne, que pelo menos três pessoas morreram e pelo menos cinco ficaram presas sob os escombros.

O ministro das Relações Internacionais da Ucrânia denunciou os ataques “deliberados” dos mísseis russos contra infraestrutura civil de Zaporizhzhia, acusando as forças russas de tentarem “semear o medo”.

“Durante a noite, sete mísseis russos atingiram pessoas que dormiam pacificamente nas suas casas em Zaporizhzhia”, escreveu no Twitter Dmytro Kuleba, acrescentando que, durante a noite, foram disparados mais misseis. “Os russos continuam a atacar civis deliberadamente para semear o medo. O terror russo deve ser interrompido – pela força de armas, sanções e isolamento total”, afirmou.

Esta nova ofensiva russa foi descrita como uma “chantagem nuclear” pelo Presidente ucraniano.

“A captura da central nuclear de Zaporizhzhia representa uma chantagem nuclear e a tentativa de exercer pressão sobre o mundo e a Ucrânia”, disse Volodymyr Zelensky, citado pelo Guardian. “Podem até nem estar a usar as armas, mas ainda assim podem estar a chantagear ao não ter ninguém trabalhar na central nuclear. As pessoas não estão a receber eletricidade”, explicou.

A Rússia capturou esta central nuclear em março, pouco depois de invadir a Ucrânia, e o Presidente Vladimir Putin ordenou, esta quarta-feira, que o seu governo assumisse o controle total sobre suas operações. 

A central de Zaporizhzhia é a maior da Europa e, até ao momento, a equipa técnica ucraniana continua a operá-la, apesar da ocupação do local pelas forças russas.

Reagindo a estas acusações do Presidente ucraniano, o Kremlin afirmou estar “totalmente comprometido” em não permitir que aconteça uma guerra nuclear.

“Não pretendemos participar nesse terrível discurso dedicado a empolar a retórica nuclear. O grau aumenta cada vez mais, mas isso deve-se a estruturas e países centrados na NATO”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, em conferência de imprensa.

Estas afirmações chegam depois do chefe da diplomacia da União Europeia (UE) ter considerado que a guerra na Ucrânia entrou “numa fase perigosa” devido ao “cenário assustador” desencadeado pelas armas nucleares da Rússia.

“A guerra continua e as notícias do campo de batalha são boas para a Ucrânia. A Ucrânia está a voltar à ofensiva, [mas] a guerra entrou numa nova fase, uma fase que é sem dúvida perigosa porque estamos perante um cenário assustador, ao qual não devemos fechar os olhos”, assinalou Josep Borrell.

Além destes ataques, a Rússia lançou dois mísseis contra Khmelnytsky, cidade no centro da Ucrânia, contudo errou os seus alvos, e, segundo as autoridades ucranianas, utilizou drones kamikaze fornecidos pelo Irão para atingir as cidades de Mykolaiv, Kharkiv e Odessa.

Os militares ucranianos dizem que conseguiram derrubar 18 drones adicionais antes de chegarem a Odessa e Mykolaiv.