Importações do Brasil têm crescido

Exportações de Portugal para o Brasil têm vindo a decrescer. Ao contrário, as importações mais do que duplicaram entre os primeiros sete meses de 2021 e os deste ano. Analista defende que, com um Governo petista, relações entre os dois países ‘provavelmente devem melhorar’.

Ainda não se sabe quem será o próximo Presidente do Brasil e os olhos estão postos no próximo dia 30. Mas, até lá, é preciso tirar algumas notas, perceber como vai a economia brasileira e o que poderá resultar destas eleições.

Ao Nascer do SOL, Eduardo Boechat, analista de mercados da ActivTrades Brasil, explica que a economia brasileira «vem mostrando bons números, com deflação no curto prazo por queda de preços de combustíveis e revisões para cima de crescimento», que aos dias de hoje se estima perto dos 3% para este ano. E acrescenta que «o atual Governo tem uma agenda mais liberal que deve incluir mais privatizações e micro reformas». Já no que diz respeito à oposição, encabeçada por Lula da Silva, «tem dito que irá revogar algumas reformas como a trabalhista e o Teto de Gastos».

Questionado sobre que análise faz das relações entre Portugal e Brasil, o analista defende que «em um Governo petista, provavelmente devem melhorar… mas caso o atual Governo seja reeleito, não vemos nenhum grande problema», acrescenta.

 

Trocas comerciais

Atendendo aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) fornecidos ao Nascer do SOL, Portugal e Brasil têm uma boa relação comercial, apesar de o saldo ser sempre negativo – pelo menos desde 2018 ­– para o lado português.

Segundo os dados do gabinete de estatística nacional, o Brasil foi o 13.º cliente português em 2021, tendo alcançado uma quota de 1,1% no total. No que diz respeito às importações, ocupa a 8.ª posição, com 3,1%.

No entanto, olhando para os dados, entre 2018 e 2021, regista-se uma pequena quebra anual das exportações. Mas as importações cresceram. É preciso lembrar ainda que a balança comercial é sempre, pelo menos desde esse ano, desfavorável a Portugal, com um défice de 1.837 milhões de euros no ano passado.

Se em 2018, as compras portuguesas ao Brasil representaram mais de mil milhões de euros, esse número sobe, em 2021, para 1,4 mil milhões. Apesar de as compras portuguesas ao Brasil estarem a crescer, o contrário não acontece. Ora, o Brasil gastou, em Portugal, 807 milhões de euros em 2018, tendo gasto, no ano passado, 707 milhões de euros.

Fazendo as contas apenas aos primeiros sete meses do ano, o Brasil aumentou as suas compras ao nosso país em 73,7 milhões de euros (419,2 milhões de euros nos primeiros sete meses de 2021 e 489,9 milhões de euros nos primeiros sete meses deste ano).

E também as compras portuguesas no país irmão aumentaram em 1,4 mil milhões de euros (1,5 mil milhões de janeiro a julho de 2021 e 2,9 mil milhões de euros de janeiro a julho deste ano).

No que diz respeito aos produtos, os brasileiros ‘levaram’ de Portugal um pouco de tudo, com destaque para os combustíveis minerais (61,4% do total), os produtos agrícolas (20,2% do total), a madeira e cortiça (5% do total), os metais comuns (4,4% do total) e os produtos alimentares (2,9% do total).

Por outro lado, Portugal adquiriu mais produtos agrícolas (44,9% do total), produtos alimentares (12,4% do total), veículos e outro material de transporte (11,2% do total), máquinas e aparelhos (8% do total) e metais comuns (5% do total).

 

E os mercados?

Ao Nascer do SOL, Eduardo Boechat, analista de mercados da ActivTrades Brasil, refere que os mercados «reagiram muito bem» a este escrutínio eleitoral, com o real a valorizar-se mais de 4%, «assim como a bolsa a subir mais de 4%». O analista detalha que «a Petrobras, por exemplo, chegou a estar a subir 9% e agora sobe 7%. Este movimento também foi ajudado pela melhoria nas bolsas pelo mundo todo, com o S&P a subir agora mais de 2%».

Segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o investimento direto brasileiro em Portugal aumentou 233,8% nos primeiros seis meses deste ano, para os 127,2 milhões de euros, face ao período homólogo, valor que está muito acima do investimento português naquele país.

De acordo com a AICEP, que tem como base dados do Banco de Portugal (BdP), o investimento direto do Brasil em Portugal passou de -95,1 milhões de euros entre janeiro e junho de 2021 para 127,2 milhões de euros no mesmo período deste ano.

 

Imobiliário continua em alta

No setor do imobiliário, entre os cidadãos estrangeiros, são os brasileiros que mais apostam em Portugal. A Remax destaca os compradores de nacionalidade brasileira que, nos primeiros seis meses deste ano, representam cerca de 4,6% das transações. Seguem-se os norte-americanos com 3,3% e franceses (3%).

Já no lado da ERA, o destaque vai também para esta nacionalidade.

E há outro dado relevante: os cidadãos brasileiros investiram mais de 863 milhões de euros, nos últimos dez anos, para obter autorização de residência ao abrigo do regime dos vistos gold.