A sabedoria popular

Nos números da eleição no Brasil destaca-se o imenso erro  das empresas de sondagens que apontavam para o Presidente resultados 30 por cento inferiores aos que ele obteve.

por Aristóteles Drummond

Os números da eleição no Brasil apontam para alguns detalhes a serem analisados. Em primeiro lugar, e em destaque, o imenso erro – intencional ou não – das empresas de sondagens, que apontavam para o Presidente número de até 30 por cento inferior aos obtidos por ele na primeira volta. E na sequência, quase toda a mídia especulando pela vitória de Lula da Silva no primeiro turno.

Em segundo lugar, a sabedoria popular que deu uma vitória inequívoca ao centro e à direita nas legislativas, sendo que no Senado, 22 dos 27 eleitos não eram de esquerda. Assim, no caso de vitória de Lula da Silva na segunda volta, qualquer eventual tentativa bolivariana será barrada no Parlamento.

Os mercados reagiram bem e parece que foram afastados os temores de retração nos investimentos previstos para os próximos anos.

Os mais importantes Estados brasileiros optaram por governadores de centro como Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul. Em São Paulo, o candidato de Bolsonaro surpreendeu e deve ser confirmado na segunda volta, o que já era previsto mesmo chegando em segundo, o que não aconteceu.

Algumas curiosidades como a derrota para uma das 70 vagas de deputado por São Paulo do ex-ministro José Serra, que teve o empenho pessoal do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Serra foi candidato a presidente duas vezes e é senador até o final do ano. Já Bolsonaro elegeu cinco de seus ex-ministros para o Parlamento. No Rio, a atriz Lucélia Santos, militante de esquerda, teve votação insignificante.

O mercado reagiu bem a voz das urnas.

Prevaleceu, portanto, a sabedoria da chamada maioria silenciosa, ou do voto envergonhado, pois o Presidente não perde mesmo uma chance de falar bobagens.

 

VARIEDADES

• Irmão do atual Barão Rothschild, Philippe de Nicolay, reside em São Paulo há 12 anos e optou agora para se dedicar prioritariamente ao setor de vinhos, com sua importadora. Além de representante exclusivo dos vinhos da vinícola da família em França e no Chile vai abrir para outros rótulos. Deixou o banco da família e está fazendo da empresa que começou por amar o mundo dos vinhos um grande negócio. Philippe diz que só importa vinhos que tomaria em sua casa.

• Neste mês, o pianista Richard Clayderman faz turnê pelo Brasil. Aos 69 anos, começa pelo tradicional Estado de Minas. Mas vai a São Paulo e Curitiba. Seu repertório tem músicas brasileiras e alguma coisa de clássico.

• Os cruzeiros marítimos voltam ao Brasil, com 35 navios passando pelos portos entre novembro e março. O Rio deve receber meio milhão de turistas. Santos, Búzios e Salvador estão na rota.

• Preocupa o levantamento do Banco Central de que a metade das famílias brasileiras está endividada. Além do risco dos bancos, a demanda pode arrefecer até o final do ano.

• A TAP é, de fato, a empresa aérea internacional brasileira. Seus voos ligam a Europa a São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Brasília, Porto Alegre. A Latam, que é chileno-brasileira, tem voos apenas de São Paulo e a Gol está limitada aos EUA e à América do Sul. A Azul tem voos para Lisboa de Campinas e para EUA.

 

Rio de Janeiro, outubro de 2022