A greve que dá dores de cabeça a Macron

Depois da elevada tensão provocada por semanas de greves, que ameaçaram deixar França sem combustível, os trabalhadores decidiram acabar diversos protestos.

Depois de semanas marcadas por greves no setor petrolífero, que ameaçou deixar França sem combustíveis, os trabalhadores decidiram colocar fim ao protesto numa das refinarias francesas da TotalEnergies reforçando as esperanças do Governo de que a situação do abastecimento em postos de gasolina em todo o país melhorará rapidamente.

Um representante do sindicato de esquerda, CGT disse que três outras refinarias francesas da TotalEnergies – La Mede, Feyzin e Normandy – irão continuar as suas ações industriais bem como no local de armazenamento de combustível de Dunquerque, revelou à Reuters

No entanto, fontes do Governo francês, que revelaram estão atentos às férias escolares de outono, que começam no final da semana, reforçaram que o regresso a uma situação normal «está ao alcance», apesar de alguns funcionários do depósito de combustível terem sido forçados a regressar ao trabalho no início desta semana.

Estas greves, que já duram há três semanas, foram motivadas pelo pedido dos sindicatos que exigem um aumento salarial imediato de 10% para combater a crise gerada pelo aumento do custo de vida e uma parte dos lucros das empresas devido ao aumento dos preços da energia na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.

A paralisação nas refinarias francesas levou Macron a decretar várias requisições civis, quando muitas das estações de serviço do país já não tinham combustíveis, e para limitar o impacto desta mobilização, que assumiu proporções inimagináveis.

Esta terça-feira de manhã quase 30 por cento dos postos de abastecimento estavam sem combustíveis.

O governo francês defende que o limite máximo para aumentar preços de gás e eletricidade amparou os danos provocados pela crise do custo de vida em França.

Esta crise surge numa altura em que, apesar de registar a inflação mais baixa entre os 19 países que usam o euro, com 6,2%, o parlamento vive momentos tensos com as negociações do orçamento do próximo ano.

O Partido de Macron perdeu a maioria nas últimas eleições o que complica a implementação das suas ideias. 

Com este impasse no governo, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, utilizou uma forma rara e controversa de um decreto constitucional para aprovar o orçamento sem votação dos legisladores, de forma a fazer cumprir a agenda económica pró-negócios de Macron.

A oposição francesa, liderada pelo Nupes (coligação de esquerda) e pelo Reagrupamento Nacional, partido de extrema-direita, apresentou duas moções de censura contra o governo para impedir o avanço desta medida, contudo, este esforço não deverá ser suficiente para derrubar o governo.