Um seguidor de Jerónimo no PCP

E só este domingo o novo secretário-geral do PCP deverá levantar um pouco o véu sobre a sua acção futura.

Jerónimo de Sousa era demasiado cordato e amável para aparecer publicamente a defender todas as causas do PCP, sobretudo depois do seu partido ter contribuído para o Governo com a Geringonça. O que não terá agradado a muitos comunistas, habituados ao simples populismo.

Paulo Raimundo era um seguidor seu(?), que bastante trabalho lhe terá dado impô-lo. Mas dada a sua enorme fidelidade ao partido, mais o oportunismo próprio de certos homens, continuará a sê-lo? Num partido que se tem distinguido mais pela decisões opacas e colectivas, do que pela democracia?

Seria preciso ele estar permanentemente disposto a arriscar muito, na defesa de convicções, o que não é próprio do PCP, sem Jerónimo. Será que vai mesmo sair já a dirigente da Inter, uma ‘jeronimista’? Para os sindicatos serem mais duros e antigovernamentais? E Jerónimo terá sido mesmo empurrado?

A verdade é que a empatia de Jerónimo de Sousa pode não significar votos. Havia um dirigente da Direita Nacional que reconhecia o que as pessoas gostavam dele, sem nele votarem. Mas tenho uma ideia de que o seu afastamento equivale ao afundamento eleitoral completo do PCP.

E só este domingo o novo secretário-geral do PCP deverá levantar um pouco o véu sobre a sua acção futura.

De qualquer modo o fim de Jerónimo deverá equivaler ao fim de um partido que faz já muito pouco sentido. O eleitorado muito populista, que só gosta de ouvir o que quer, preferindo não se comprometer nunca com a governação, talvez já não satisfaça eleitoralmente um partido como o PCP, ao revés de alguns dos seus dirigentes, aparentemente agora na mó de cima.