Pessoas menstruadas e homens com tampax

E, mais uma vez, para que fique claro, sou a pessoa mais inclusiva do mundo e estou-me a borrifar se a pessoa é branca, amarela, negra, se é mulher, homem trans ou demais qualificações. Cada um que seja feliz como quiser, mas acabem com as parvoíces de querer igualizar o que não é igual.

O mundo enlouqueceu e é mesmo melhor fugir para a Serra do Caldeirão, fazer uma cerca sanitária à volta da hipotética casa, e não deixar estes novos inquisidores entrarem. A loucura é tanta que até economistas de renome entram no samba do crioulo louco – será que ainda posso usar esta expressão?

A primeira vez que ouvi falar da Taxa Rosa pensei que se estavam a referir a algum novo imposto do PS, mas alguém avisado explicou-me que não. O PAN, um partido que gosta mais de animais do que pessoas, conseguiu que o Orçamento do Estado tenha uma verba para a realização de um estudo sobre a Taxa Rosa para se perceber se existe uma diferença de preços entre produtos de beleza para mulheres e para homens.

Querem saber a razão para os produtos para mulheres serem mais caros do que os dos homens – calculo que os trans fiquem divididos nesta questão, até porque num dia podem querer ir à prateleira das mulheres e no dia seguinte irem à dos homens. Aqui convém fazer um parêntesis para explicar que há uma lacuna na lei que, ao que parece, penaliza alguns produtos menstruais, sem se perceber muito bem porquê, já que só os pensos e os tampões higiénicos é que têm uma taxa de IVA reduzida. Muito bem, incluam todos os outros produtos higiénicos na mesma categoria reduzida.

Mas voltemos à Taxa Rosa. Qual a razão desta maluqueira de falar de produtos comerciais, que não são mais do que isso? Excluindo os produtos higiénicos, qual a razão para tentar, à boa maneira estalinista, obrigar os produtores a venderem os produtos ao mesmo preço? Mas agora vamos interferir na economia à conta das questões de género? E as mulheres não poderão comprar os produtos de homem se assim o entenderem?

Ainda esta semana ouvi Susana Peralta defender o impensável numa sociedade livre e democrática. Mas a economista, parecendo um comboio sem travões, entusiasmou-se e lançou-se nas questões de género, falando primeiro em produtos que só as mulheres é que usam, tampões e afins, para logo corrigir para pessoas que menstruam. Imagino um marmanjão chegar à farmácia e pedir pensos higiénicos porque se sente mulher ou então outro pedir tampões higiénicos porque está com o período! A loucura está a tomar conta do mundo. Quando Susana Peralta se sente na necessidade de dizer que os homens também usam produtos para a depilação está quase tudo dito. E, mais uma vez, para que fique claro, sou a pessoa mais inclusiva do mundo e estou-me a borrifar se a pessoa é branca, amarela, negra, se é mulher, homem trans ou demais qualificações. Cada um que seja feliz como quiser, mas acabem com as parvoíces de querer igualizar o que não é igual. E deixem os produtos de beleza em paz que o mercado trata de os resolver. Se uma mulher quer comprar produtos de homem que o faça – tenho amigas que o fazem.

Este novo nazismo e comunismo ainda vai dar cabo da cultura ocidental. Esta semana li um texto onde se dizia que não há queixas de assédio sexual em algumas universidades porque a forma de as mulheres, já agora porque não os homens e os trans, poderem revelar os atos de agressão a que são sujeitas não é o melhor. Genial, como não há queixas a culpa é do sistema. São estes inquisidores sem alegria de viver que instigam parte da população, pequena mas com muita visibilidade, a dizerem que não são nenhuns objetos quando alguém se apresenta numa discoteca, como aconteceu a um amigo meu, que no Lux, de uma forma cordata, perguntou a uma rapariga (?) que estava ao seu lado no balcão, o nome dela ou se gostava da música – ele não tem muito jeito para conquistar novas amizades – e levou como resposta: «Não sou nenhum objeto!». É só rir…

vitor.rainho@sol.pt