No país da inclusão, velhos e binários excluídos

Esta rapaziada não percebe que só está a alimentar a discórdia e a confusão, pois alguém que nasceu mulher, mas se sente homem numa casa de banho de homens vai dar chatices, basta ter dois dedos de testa. Assim como o contrário, quem nasceu homem e se sente mulher não será, seguramente, bem aceite numa…

Este país começa a ser irritante até mesmo para o mais dos moderados. Já estou farto de escrever sobre questões de género, mas todos os dias surge mais uma notícia incompreensível.  Mas já lá vamos. Muito se tem escrito e falado sobre sermos um país inclusivo, algo que, acho, todos concordamos. Quanto mais as pessoas estiverem bem consigo e com os outros, melhor para todos. Só que há causas que se extremam e provocam muito ruído – apesar de se referirem a minorias – e outras passam praticamente despercebidas – sendo respeitantes a maiorias – não percebendo eu a razão.

Não é segredo para ninguém que o país tem cada vez mais uma população envelhecida, mas há quem persista em lhes dificultar a vida sem que ninguém os defenda. Como é possível as autoridades permitirem que alguns estabelecimentos não aceitem dinheiro vivo em padarias, restaurantes e afins?  Será que os nossos velhinhos vão ter de comprar telemóveis modernos, que não sabem manusear, além de não terem dinheiro para isso, para poderem comprar produtos tão simples como o pão? Qual o interesse de se manter esta pouca vergonha? É que, como é óbvio, todos os estabelecimentos comerciais devem ter as formas de pagamento que bem entendam. MB Way, Contactless, paypal, MB Phone e por aí fora, mas não devem nem podem excluir quem leva dinheiro vivo.

Como a população envelhecida não tem ninguém que a defenda, o Banco de Portugal e o Governo assobiam para o lado e permitem que milhares e milhares de pessoas tenham a sua vida dificultada por causa do fim do dinheiro físico. É esta história um caso de inclusão social? Não me parece. Claro que o Bloco de Esquerda não faz comícios nem incentiva os meninos nas escolas a defenderem os os direitos dos avós, pois isso não é uma questão fraturante.

Vejamos agora o caso das questões de género que levou o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida a aconselhar o Governo sobre as casas de banho nas escolas. Será um problema assim tão complicado de resolver?

Não me parece, pois basta ter casas de banho para homens e para mulheres e acrescentar outras neutras para quem as quiser frequentar. Esta rapaziada não percebe que só está a alimentar a discórdia e a confusão, pois alguém que nasceu mulher, mas se sente homem numa casa de banho de homens vai dar chatices, basta ter dois dedos de testa. Assim como o contrário, quem nasceu homem e se sente mulher não será, seguramente, bem aceite numa casa de banho de mulheres. O problema resolve-se com as tais casas de banho e balneários neutros e nos casos que isso não é possível, no que diz respeito aos balneários, arranje-se horários diferentes para uns e para outros para que ninguém se sinta incomodado.

Parece até que há uma necessidade de sujeitar as maiorias à vontade das minorias só para criar confusões com a história da inclusão. Inclusão é ninguém se sentir a mais nem a menos, havendo espaço para todos sem ofender a moral de cada um.

 

P. S. A atriz britânica que ganhou um Globo de Ouro pelo seu papel na série The Crown, interpretando a figura da princesa Diana, vem agora defender o fim da atribuição dos prémios de género, já que é uma pessoa não binária, tendo optado por nomes neutros. Mas que raio, quantas mulheres não sonham em ganhar o Óscar de melhor atriz? Quantos atores não vivem com o objetivo de receberem o galardão máximo de Hollywood? Agora as minorias é que decidem a vida das maiorias? Qual a razão para Emma Corrin não ter defendido a criação de uma nova categoria para os não binários, permitindo que homens e mulheres continuem também com os seus Óscares? Onde é que está a inclusão nisto? Esta paranoia começa a ser esquizofrénica, sem necessidade nenhuma. Defendam os seus direitos, e bem, mas não mexam nos direitos dos outros.

vitor.rainho@sol.pt