Ucrânia. A Rússia quer viver e escangalhar o telemóvel

Altos generais russos dizem que o uso não autorizado de telemóveis por parte dos seus soldados foi responsável pela maior ofensiva ucraniana.

Ucrânia. A Rússia quer viver e escangalhar o telemóvel

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, os verdadeiros culpados pelo bombardeamento ucraniano em Makiivka, que provocou a morte de 89 militares, o ataque mais mortífero declarado pelas autoridades russas desde o início da invasão à Ucrânia, foi o uso não autorizado de telemóveis por parte dos soldados russos.

“Este fator permitiu ao inimigo rastrear e determinar as coordenadas da localização dos soldados e efetuar um ataque com mísseis”, explicou através de um comunicado o tenente-general russo, Sergei Sevryukov, acrescentando que estão a ser tomadas medidas, não especificadas, para “evitar incidentes trágicos semelhantes no futuro” e afirmou que os autores desta infração serão punidos.

As autoridades russas relataram que quatro mísseis ucranianos atingiram um quartel russo temporário, situado numa escola vocacional em Makiivka, a cidade gémea da capital regional ocupada pela Rússia, Donetsk.

Apesar de o Kremlin mencionar 89 vítimas mortais, os militares ucranianos afirmam que mais de 400 soldados inimigos foram mortos e 300 ficaram feridos, números que não foram confirmados por entidades independentes.

Além das perdas de vidas humanas, o exército ucraniano mencionou também que pelo menos dez unidades de vários tipos de equipamentos militares russos foram danificados ou destruídos em Makiiva, descrevendo esta ofensiva como “um golpe â mão de obra e equipamento militar russo”.

Críticas à liderança russa A revelação do maior número de baixas entre as tropas russas foi recebida com choque e indignação no país invasor, provocando inúmeras críticas às mais altas autoridades russas.

“Apesar de vários meses de guerra, algumas conclusões ainda não foram tiradas”, escreveu o blogger Boris Rozhin, próximo dos separatistas, criticando a “incompetência” da liderança militar russa, citado pelo Guardian, enquanto o correspondente de guerra Alexander Kot questionou o porquê de as tropas continuarem a ser hospedadas “em hotéis e escolas profissionais”.

O antigo comandante separatista Igor Strelkov afirmou que outro ataque mortal pode acontecer “a qualquer momento” e acusou os generais russos de serem “incapazes de aprender”.

Perante este cenário, as autoridades ucranianas reportaram um novo ataque russo cujo alvo foram infraestruturas civis.

O estado-maior militar da Ucrânia disse que foram lançados sete ataques com mísseis, 18 ataques aéreos e mais de 85 ataques de sistemas de ataque, nas últimas 24 horas, em infraestruturas civis de Kramatorsk, Zaporizhzhia e Kherson.

Apesar de a Rússia negar ter alvejado civis, as autoridades ucranianas afirmam que “existem baixas entre a população civil”.

No final de 2022, o Presidente da Ucrânia já tinha alertado para um possível aumento de ataques russos e, numa altura em que também estão a ser registados intensos confrontos em Bakhmut, Volodymyr Zelensky voltou a reforçar este perigo.

“Não temos dúvidas de que os atuais líderes da Rússia investirão tudo o que lhes resta e todos os que conseguirem reunir para tentar virar a maré da guerra e pelo menos atrasar sua derrota”, disse Zelenskiy na sua mensagem de vídeo diária. “Temos de interromper este cenário russo. Estamos a preparar-nos para isso. Os terroristas têm de perder. Qualquer tentativa de sua nova ofensiva deve falhar”.