JMJ. Quando o palco fica mais barato do que o som, a luz e a imagem

Esta semana é suposto ficar a saber-se se a Câmara de Lisboa, a FJMJ e a Mota-Engil conseguem diminuir os custos do palco-altar.

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) está a transformar-se numa verdadeira salada russa com ingredientes pouco vistos em tal iguaria. Um palco que custa 4/5 milhões de euros, pago pela Câmara de Lisboa, é mais questionado que o aluguer, de seis dias, do equipamento de som, luz e imagem, que ficará em seis milhões, pago pelo Governo. E um bispo responsável pela Fundação da JMJ que se diz “magoado” com o custo do palco-altar, quando o próprio admitiu que uma equipa de engenheiros e arquitetos voluntários participou na feitura do projeto, eis alguns dos ingredientes de uma polémica que teve como árbitro e jogador MarceloRebelo de Sousa.

Após surgirem as primeiras vozes indignadas com o custo do palco-altar, entrou o Presidente em ação, mostrando-se o cristão mais revoltado com tais sinais de novo-riquismo, salientando que “seria muito estranho que um Papa que quer dar uma imagem de pobreza, austeridade e que é contra o espaventoso viesse a não ter um acolhimento correspondente ao que é o seu pensamento”.  Mostrando-se surpreendido com os custos do palco-altar, bem como do previsto para o Parque Eduardo VII, Marcelo   acabaria por ser desmentido por uma nota do Patriarcado, que recordava que todas as partes envolvidas, direta ou indiretamente, sabiam dos custos programados. O Presidente não gostou da nota do gabinete do cardeal-patriarca de Lisboa e ‘apertou’ com o bispo responsável pela JMJ, D. Américo Aguiar, que acabou por desmentir o Patriarcado. Tudo isto em direto, nas televisões, num verdadeiro jogo de pingue-pongue.

Para o cenário ficar ainda mais confuso, o Presidente apelou a que os envolvidos, Governo, Câmaras e Fundação da JMJ, se entendessem para diminuir os custos dos palcos, sem nunca se referir aos outros gastos, nomeadamente aos do som, luz e imagem.

Resultado desta salada russa: a Câmara de Lisboa, a FJMJe a Mora-Engil vão reunir-se esta semana para reverem os custos do palco-altar, cortando no que é dispensável, nas palavras de D. Américo Aguiar. Como o Vaticano não dorme, e depois de várias insinuações de que era o responsável pelas exigências que encareceram o palco-altar, os homens do Papa Francisco também entraram em ação, desmentindo qualquer responsabilidade na obra agora considerada faraónica.

guerra entre governo e câmara de Lisboa Atendendo a que há três partes envolvidas na JMJ, o Governo, a 28 de outubro de 2022, criou a sua equipa, que teria ou terá que se entender com as Câmaras de Lisboa, Loures e Oeiras, além da FJMJ. Para que tudo ficasse claro, o Diário da República dava conta  do pretendido. “Estabelecer que o Grupo de Projeto tem por missão acompanhar e facilitar, em termos operacionais, a concretização da JMJ 2023, bem como coordenar, gerir e executar as tarefas necessárias ao cumprimento das responsabilidades e compromissos assumidos pelo Governo no contexto da JMJ 2023, designadamente os relacionados com os planos da saúde, da segurança e da mobilidade, bem como a organização dos eventos ‘Centro de reconciliação’ e ‘Feira das vocações’, a distribuição de água, a disponibilização de bens e serviços multimédia e instalações sanitárias para o recinto central e, ainda, a aquisição de outros equipamentos necessários à organização dos eventos”. E, aqui chegados, não é difícil perceber que o Grupo de Projeto, liderado por José Sá Fernandes, tem acompanhado à distância o que se tem passado, daí as suas críticas aos custos, recebendo em troca os gastos que o seu Grupo de Projeto tem realizado. Desde logo as obras que foram feitas no edifício onde estão instalados os nove membros, desde adjuntos a motorista, até ao aluguer do equipamento que será bem mais caro que o palco-altar.

Polícias e intrigas A JMJ, que decorrerá de 1 a 6 de agosto, já produziu uma notícia simpática para o diretor-nacional da PSP que foi reconduzido no lugar, até pela proximidade do maior evento alguma vez realizado em Portugal. Tal como o Nascer do SOL noticiou há dois meses, Magina da Silva foi agora reconduzido, pois não fazia sentido mudar a estrutura policial a sete meses da JMJ. Apesar do regresso a Portugal do antigo diretor-geral da PSP, Luís Farinha,  que esteve em missão em Paris, Magina da Silva foi o homem que assinou a nota interna que dá conta que ninguém poderá tirar férias de 24 de julho a 7 de agosto, situação idêntica à da GNR. “O comando da PSP está mais unido do que nunca”, confessa fonte policial ao i. Por fim, diga-se que o Alojamento Local, os hotéis e os alugueres privados estão a bater palmas à JMJ, pois os preços quadruplicaram para essa semana, segundo o CM. Há ou não motivos para uns sorrirem e outros chorarem?