Portugal registou quase 200 casos de mutilação genital feminina em 2022

Desde 2014, foram contabilizados em Portugal um total de 853 casos de mutilação genital feminina. 

Ocorreram, em 2022, 190 casos de mutilzação genital feminina, um aumento de 24% em relação ao período homólogo do ano anterior. 

De acordo com dados esta segunda-feira divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), quando se assinala o Dia da Tolerância zero à mutilação Genital Feminina, entre janeiro e dezembro de 2022 foram registadas, na plataforma Registo de Saúde Eletrónico complicações de saúdo devido a este procedimento em 100 mulher (52,6% dos casos). 

Segundo a DGS, as complicações resultantes da mutilação genital feminina "são frequentemente coexistentes".

Dos dados referentes ao ano passado, 75 pessoas tiveram complicações do foro psicológico, 64 complicações obstétricas, 55 de resposta sexual e 51 complicações uro-ginecológicas. 

Os dados dão ainda conta de uma predominância de casos realizados na Guiné-Bissau (70,5%) e na Guiné Conacri (23,7%).

"Este aspeto vem reforçar a informação já conhecida, tendo em conta o predomínio das comunidades imigrantes residentes em Portugal e a prevalência estimada da mutilação genital feminina nesses países", explica a DGS.

No documento hoje divulgado, a DGS explica que, no total dos casos registados em 2022, as mulheres foram maiorirtariamente (49,5%) submetidas a mutilações do tipo II, que incluem a remoção parcial ou total do clítoris e dos pequenos lábios, com ou sem excisão dos grandes lábios, e do tipo I (44,7%), referente à remoção parcial ou total do clítoris e / ou do prepúcio.

Já as mutilações do tipo III (estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, pelo corte e aposição dos pequenos lábios e/ou dos grandes lábios) representam 3,7% dos casos registados em 2022 e as do tipo IV (outras intervenções nefastas não classificadas) representam 2,1%.

Desde 2014, foram contabilizados em Portugal um total de 853 casos de mutilação genital feminina. 

Dos 190 casos notificados na plataforma no ano passado, foi registada a intervenção dos profissionais de saúde em 84,2% (160) dos casos, "no âmbito do esclarecimento dos direitos da mulher numa perspetiva educativa e preventiva", explica a DGS.

A idade da realização variou entre o primeiro ano de vida e os 34 anos de idade, contudo, 73% dos casos ocorrerama té aos 9 anos de idade.