A uma vitória do mundial

Após uma longa viagem, Portugal está a um pequeno passo de garantir, pela primeira vez, a presença no Campeonato do Mundo de futebol feminino. Nunca estivemos tão perto realizar o sonho de várias gerações.

A história da seleção nacional feminina é um exemplo de superação. O primeiro jogo teve lugar em 1981 frente à França, e terminou com um empate a zero. Desde então, a evolução do futebol praticado pelas mulheres está bem patente no número de jogadoras e na qualidade do jogo, o que valeu a presença nos campeonatos da Europa de 2017 e 2022. A cada ano que passa, Portugal tem obtido melhores resultados e o reconhecimento internacional. A seleção tem feito um percurso muito interessante e a posição no ranking da FIFA prova isso mesmo: há seis anos estava na 40.ª posição e, neste momento, ocupa o 22.º posto. «A subida no ranking é um passo importante na nossa afirmação internacional, que espelha o crescimento sólido e sustentado da equipa e o trabalho realizado pelos clubes e associações. O nosso objetivo é continuar a crescer», afirmou Francisco Neto, selecionador nacional.

O playoff intercontinental que se realiza na Nova Zelândia, na madrugada de dia 22 de fevereiro, contra o vencedor do jogo Tailândia-Camarões, pode garantir a tão desejada presença no Mundial, que tem lugar na  Austrália e Nova Zelândia, entre Julho e Agosto de 2023. Francisco Neto recusou a ideia de favoritismo: «Temos muito respeito por qualquer adversário e vamos olhar para o jogo com muita seriedade, sem achar que somos melhores», afirmou o selecionador, que mostrou grande determinação. «Vamos procurar fazer aquilo que nunca foi feito. Fizemos 12 jogos de qualificação, falta-nos um e é com muito orgulho que vamos fazer esta jornada», sublinhou. Francisco Neto fez ainda uma análise às duas equipas: «têm características e estados de preparação diferentes. A Tailândia é mais técnica, gosta de ter a posse de bola e chega ao último terço de forma mais coletiva. Os Camarões têm um jogo mais físico e direto e muito apoiado nas individualidades». Antes dessa partida decisiva, Portugal defronta esta sexta-feira, dia 17, a Nova Zelândia em jogo de preparação.

Momento maravilhoso

As jogadoras portuguesas estão focadas em garantir em concretizar um sonho antigo. A capitã da seleção, Dolores Silva, afirmou: «Estamos muito felizes por desfrutar deste momento maravilhoso, pois lutámos muito para chegar ao playoff. Tenho a certeza de que cada uma de nós está muito motivada por representar Portugal ao mais alto nível. O nosso foco é garantir a presença no Campeonato do Mundo. Vamos dar tudo por tudo para honrar e defender o nosso país e sair da Nova Zelândia com o passaporte para, no verão, lá voltarmos. É um momento de muitas gerações: da nossa, da passada e das futuras».

Após uma longa viagem de dia e meio, a seleção já começou a preparar o próximo jogo. «A equipa está um pouco cansada, mas a nossa cabeça já está focada em fazer história. Tailândia ou Camarões? Neste momento, o nosso desejo é estar no Mundial, independentemente da equipa que possa vir», frisou Sílvia Rebelo, ao Canal 11.

Jéssica Silva mostrou a mesma atitude e estado de espírito. «Ainda bem que me sinto em casa sempre que represento o meu país. É um orgulho tremendo pertencer a esta equipa. É um jogo muito importante, é o jogo da nossa vida com as cores da seleção, e o futuro desta seleção só pode ser risonho», escreveu a avançada no Instagram. 

Para Ana Borges, de 32 anos, participar no Mundial seria mais um momento alto na sua longa carreira. «Todas nós temos a experiência de participar num Europeu, falta-nos um Mundial. Portugal está a crescer, tem uma excelente equipa e merece estar na maior competição do mundo», disse a jogadora mais internacional de sempre por Portugal, com 153 presenças pela equipa das Quinas. Se Portugal for apurado, vai defrontar a seleção dos EUA, atual campeã do Mundo, Vietname e Países Baixos.