Visões do mundo um ano atrás, à volta da invasão da Ucrânia pela Rússia

O jornalista Joaquim Vieira, no Facebook, fez uma pesquisa sobre o que foi escrito e falado no último ano a propósito da guerra na Ucrânia. Aqui fica um apanhado dos seus ‘apanhados’.

Visões do mundo um ano atrás, à volta da invasão da Ucrânia pela Rússia

Apesar de Biden ter telefonado ontem ao presidente da Ucrânia para anunciar uma invasão iminente, eu continuo convencido de que este jogo de pressão entre Putin […] e a pressão da NATO para que a Ucrânia passe a integrar a NATO […] é um jogo de xadrez militarizado e que não é necessário nem é provável que desencadeie uma guerra. […] Os Estados Unidos querem atacar a Alemanha, na verdade.” (Francisco Louçã, SIC-Not., 28 de janeiro de 2022)

“Há conflitos que ganham vida própria mesmo antes de ocorrerem, mesmo podendo nunca vir a ocorrer. É esta a sensação que vem da leitura de notícias constantes sobre a agressão da Rússia contra a Ucrânia, que antes era iminente, depois era menos iminente, e agora se tem outra vez como quase inevitável. Convirá não esquecer que, há alguns anos, promovemos com ligeireza uma alteração de poder em Kiev; e subestimámos, da mesma sorte, a mais do que previsível reação russa.” (José Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa, Público, 8 de fevereiro de 2022)

“Os russos não estão interessados em invadir a Ucrânia. Só o farão in extremis.” (Major-general Carlos Branco, Jornal de Negócios, 11 de fevereiro de 2022)

“Sim, é verdade que Putin tem os meios para iniciar a invasão de parte ou de toda a Ucrânia quando o quiser e se o quiser. Mas ainda ninguém respondeu cabalmente a esta pergunta: porque haveria Putin de querer invadir a Ucrânia, o que teria a ganhar com isso? […] No meio da gritaria permamente com os 100 mil soldados russos do lado de lá, ninguém fala dos soldados e armas que se vão colocando no terreno do lado de cá.” (Miguel Sousa Tavares, Expresso, 12 de fevereiro de 2022)

“Alguém sabe informar-me sobre a hora da invasão da Ucrânia? Se sim, é fazer o favor. Grato.” (Jorge Campos, ex-deputado do BE, Facebook, 12 de fevereiro de 2022)

“Se a Casa Branca marca a guerra para quarta-feira e não acontecer nada, a operação transformar-se-ia na anedota do Solnado, e isso não pode ser.” (Francisco Louçã, Expresso, 15 de fevereiro de 2022)

“A guerra da Ucrânia não será uma recriação televisiva da Guerra dos Mundos do Orson Welles?” (António Filipe, ex-deputado do PCP, Twitter, 15 de fevereiro de 2022)

“Sempre tive dúvidas de que a Rússia invadisse a Ucrânia. […] A Rússia, com a dimensão que tem, e sobretudo com a importância que tem na Europa, quer ter um papel no sistema de segurança europeu, quer ter o seu lugar, e isso é legítimo.” (Daniel Oliveira, Sem Moderação, SIC-Not., 15 de fevereiro de 2022)

“O ridículo assumiu proporções que já excedem os Monty Python. […] Todos os dias, o presidente Biden diz que o Putin vai invadir a Ucrânia […] E todos os dias diz (hoje foi o Blinken): ‘A guerra está iminente, é amanhã, é hoje.’ […] Isto é um entretenimento.” (Clara Ferreira Alves, Eixo do Mal, SIC-Not., 17 de fevereiro de 2022)

“Eu seria mais cautelosa a anunciar uma invasão e o início de uma guerra.” (Mariana Mortágua, Linhas Vermelhas, SIC-Not., 21 de fevereiro de 2022)

“O PCP denuncia a perigosa estratégia de tensão e propaganda belicista promovida pelos EUA, a NATO e a UE.” (Comunicado do PCP, 22 de fevereiro de 2022)

“Não acreditei, ou não quis acreditar, no que vinha dos serviços de informações americanos e britânicos, mas pelo que se vê tinham razão. Autocritico-me.” (João Soares, FB, 24 fevereiro de 2022)

“Andámos dias a fio a ouvir analistas que diziam que a Ucrânia ia dar luta e tinha capacidade militar para resistir, algo que não tinha em 2014. A informação que tenho é que a Ucrânia mal consegue esboçar resistência e já há militares russos por todo o lado, sem oposição.” (Alexandre Guerreiro, Twitter, 24 de fevereiro de 2022)

“Apostados em não reconhecer o seu declínio, desde a saída caótica do Afeganistão ao medíocre desempenho na pandemia, os EUA insistem em fugas para a frente, e nessa estratégia pretendem arrastar a Europa.” (Boaventura Sousa Santos, Público, 25 de fevereiro de 2022)

“O conflito russo-ucraniano veio, mais uma vez, mostrar o perigo das cruzadas ideológicas. A Ucrânia foi encorajada pelos ‘aliados’ a desafiar a Rússia mas, na hora da verdade, ficou sozinha.” (Jaime Nogueira Pinto, Observador, 26 de fevereiro de 2022)

“Putin não é Hitler. E, depois, a situação não é igual nem comparável”. (Miguel Sousa Tavares, Expresso, 26 de fevereiro de 2022)

“Estou convencido que o senhor Zelensky já não está lá [em Kiev]. Senão a gente via-o na rua. Já não está lá. Está certamente em Lviv […]. Mostra que é um indivíduo inteligente.” (Agostinho Costa, SIC-Not., 28 de fevereiro de 2022)

“O que estamos a assistir é a [o exército russo] deixar Kiev, até porque Kiev é muito maior, para uma fase seguinte, para servir de pressão para as negociações. […] Fala-se em chechenos, na Wagner… Não. Temos um exército convencional [russo] no terreno.” (Agostinho Costa, CNN-Pt., 2 de março de 2022)

“Não parece provável que a capitulação formal das forças militares ucranianas possa ser evitada nas próximas semanas.” (Viriato Soromenho-Marques, Diário de Notícias, 5 de março de 2022)

“Recuso a demonização dos russos e a santificação dos americanos. As coisas são muito mais complexas”. (Carlos Branco, Expresso, 7 de março de 2022)

“Não me espantaria que, se a guerra for para continuar e os russos entrarem em Kiev, o herói Zelensky será capaz de desiludir muitos corações.” (Miguel Sousa Tavares, Expresso, 11 de março de 2022)

“O presidente da Ucrânia, que é, ao fim e ao cabo, alguém colocado por outros interesses, decidiu ir para a guerra a todo o custo. Ele tem que pagar as consequências dessa decisão. […] O desnível de forças levará a que, a curto prazo, os russos tenham que desencadear uma ação decisiva. […] A guerra vai ter que terminar na primavera [de 2022].” (Coronel Carlos Matos Gomes, Rádio Transforma, 12 de março de 2022)

“Quem não aceita ser um mero papagaio da NATO é considerado um russófilo. E esse ambiente que é típico do ‘mccarthismo’, […] é um ambiente muito perigoso para a Europa. […] Criou-se um ambiente em que ou se papagueia o que diz a NATO ou é-se um agente de Moscovo.” (Fernando Rosas, Público, 25 de março de 2022)

“Uma guerra é uma guerra. Há crimes de guerra e crimes contra a humanidade na guerra da Ucrânia? Claro que há e claro que não são só de um lado. Porque é assim uma guerra.” (José Manuel Pureza, ex-deputado do BE, FB, 5 de abril de 2022)

“Zelensky não representa nada a não ser de facto esta vontade de a NATO se empenhar numa guerra. E numa guerra que não tem solução nenhuma, porque a Rússia não vai parar.” (Raquel Varela, O Último Apaga a Luz, 8 de abril de 2022)