As autoridades policiais estão a investigar possíveis ligações de Adbul Bashir ao Estado Islâmico, segundo apurou o Nascer do SOL de fontes dos serviços secretos, e a convicção destes é que o «afegão tem ligações perigosas», estando neste momento o seu telemóvel a ser investigado, bem como outros pormenores detetados na sua casa em Odivelas. E, com esses receios, as mesquitas de Lisboa estão a ser passadas a pente fino, até para saber se Adbul Bashir tem ligações a movimentos radicais. «É óbvio que está tudo em pânico, mas tem de se passar a imagem que está tudo calmo e que foi um caso isolado», acrescenta outra fonte ligada ao processo.
Se é a Unidade Nacional Contraterrorismo da PJ que está, oficialmente, encarregue das investigações, a verdade é que o assunto está debaixo da alçada de Vizeu Pinheiro, secretário-geral do Sistema de Segurança Interna. «Os refugiados não foram devidamente acompanhados desde que chegaram a Lisboa e, se é verdade que a larga maioria não oferece qualquer problema, o mesmo não se pode dizer de uma pequena minoria radicalizada», diz ao Nascer do SOL outra fonte judicial. A complexidade do tema fez com que várias frentes policiais estejam envolvidas nas investigações do caso, pois aproximam-se datas importantes em Portugal, nomeadamente a Jornada Mundial da Juventude que traz ao país o Papa Francisco. E, recorde-se, na última visita do chefe máximo da Igreja a Portugal, o mesmo acabou por condecorar os responsáveis policiais e das secretas que fizeram a sua segurança, já que, a determinada altura, acabou por ser retirado do altar, pois supostos terroristas estariam no recinto, tendo mesmo sido detidos três marroquinos, que foram imediatamente expulsos do país, ao abrigo dos protocolos existentes com Marrocos.
O fenómeno do radicalismo islâmico tem passado ao lado de Portugal, por várias razões, mas há duas que são apontadas como as mais fiáveis e que têm servido para as autoridades policiais não investirem tanto no policiamento dos refugiados vindos de zonas de grande conflito. «A primeira, é que, à semelhança de Adbul Bashir, a maioria mal chega a Portugal quer zarpar para a Alemanha ou França. A segunda, é que as próprias comunidades muçulmanas fiscalizam eventuais radicalismos, que comunicam imediatamente às autoridades policiais». Principalmente por esta razão, as autoridades ‘têm’, de certa forma, acreditado nessas informações.
Há mesmo quem garanta que o afegão agora detido não faz parte da comunidade ismaili, uma fação que os sunitas, por exemplo, não reconhecem como muçulmana, até por permitir o consumo de álcool.
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