A administração talibã anunciou esta semana mais uma restrição imposta às mulheres afegãs. Desta vez, segundo a informação avançada pelo porta-voz do Ministério para a Prevenção do Vício e a Propagação da Virtude, Mohammad Sadiq Akif, serão encerrados todos cabeleireiros e salões de beleza até ao final do mês. Mohammad Sadiq Akif não adiantou detalhes desta restrição ou os motivos da mesma. O responsável apenas confirmou que a medida deverá estar em vigor na capital, Cabul, e em todas as províncias no prazo de um mês. «Quando os estabelecimentos estiverem encerrados, vamos partilhar o motivo com os media», prometeu. Recorde-se que desde a tomada de posse dos Talibãs, em 2021, quando as forças dos EUA e da NATO se retiraram do Afeganistão, as liberdades das mulheres têm sido constantemente restringidas. Por exemplo, os talibãs já proibiram o acesso das mulheres à educação, aos espaços públicos, como ginásios e parques, e a atividades laborais. Além disso, também foi decretada a ordem das mulheres se vestirem de modo a que apenas se vejam os olhos e estas devem estar sempre acompanhadas de um parente do sexo masculino se viajarem mais de 72 quilómetros.
Segundo a CNN Internacional, esta medida surge depois do líder supremo, Haibatullah Akhunzada, ter anunciado que o seu Governo estava a trabalhar para «melhorar a vida das mulheres no Afeganistão», prometendo-lhes uma «vida próspera e confortável de acordo com a lei islâmica».«O estatuto da mulher como ser humano livre e digno foi restaurado e todas as instituições foram obrigadas a ajudar as mulheres a garantir casamento, herança e outros direitos», declarou Akhunzad em comunicado no final do mês passado.
De acordo com uma mulher afegã, esta proibição afeta também uma das poucas oportunidades de negócio no país. «Milhares de famílias encabeçadas por mulheres vão perder rendimentos. Isto é realmente difícil para nós, para podermos sobreviver. É uma espécie de tortura para nós mulheres», revelou anonimamente à EFE a maquilhadora de um centro de estética em Cabul.
No final o mês passado, peritos da ONU alertaram que as mulheres e as raparigas no Afeganistão são vítimas de discriminação que pode constituir uma perseguição baseada no género e ser considerada um «crime contra a humanidade». «As autoridades parecem estar a governar através de uma discriminação sistemática com a intenção de submeter as mulheres e as raparigas a um domínio total», defendeu o relator da ONU para os direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett. A discriminação no Afeganistão pode ser, por isso, classificada como «apartheid de género», criando uma «segregação semelhante à da raça».