Os ataques russos a Odessa e a outros portos ucranianos no Mar Negro foram "fortemente" condenados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Estes ataques têm um impacto muito além da Ucrânia. Já estamos a ver o efeito negativo nos preços mundiais do trigo e do milho, o que prejudica a todos, especialmente as populações vulneráveis do 'Sul global'", informou o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, reforçando que a "destruição das infraestruturas civis [pode] representar uma violação do direito humanitário internacional".
O porta-voz acrescentou que os ataques russos contradizem os compromissos que Moscovo assumiu no âmbito do entendimento que assinou com as Nações Unidas para tentar facilitar as suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes, referindo-se ao documento paralelo à Iniciativa dos Cereais do Mar Negro que o Kremlin suspendeu esta semana.
Em teoria, este memorando ainda está em vigor e o seu texto diz que a Rússia "facilitará a exportação de alimentos, óleo de girassol e fertilizantes de portos controlados pela Ucrânia no Mar Negro", argumentou a ONU.
Esta mensagem de Guterres surge após, na quarta-feira à noite, a Rússia ter atacado Odessa, pelo terceiro dia consecutivo, e a região de Mikolayiv, no sul da Ucrânia, com mísseis de cruzeiro e 'drones' suicidas que mataram pelo menos dois civis em ambas as províncias e feriram outras 27 pessoas.
Já no ataque da manhã de terça-feira, a Rússia destruiu infraestruturas nos portos de Odessa e Chornomorsk – ambos parte do acordo dos cereais – destruindo 60.000 toneladas de alimentos que deveriam ter sido exportados para a China.