Calor. Quais foram os verões mais quentes da História?

Temperaturas elevadas, seca e incêndios florestais foram algumas das maiores preocupações inerentes aos verões mais quentes.

A história regista vários verões muito quentes no mundo, mas há alguns que se destacam. Por exemplo, o verão do ano passado (2022) foi o mais quente alguma vez registado neste continente europeu, sendo que as temperaturas médias foram as “mais elevadas para o mês de agosto e para todo o verão” e superaram os registos de 2021. Estes eram os recordes anteriores, segundo avançou o serviço sobre as mudanças climáticas do Programa de Observação da Terra da União Europeia (UE) Copernicus, em setembro daquele ano.

Sabe-se que o mês de agosto foi o mais quente na Europa por uma “margem considerável”, ultrapassando o de agosto de 2021 em 0,4ºC. O aumento de temperatura de 0,4ºC foi igualmente registado em junho e julho. O instituto europeu adiantou também que as temperaturas estiveram “cerca de 1,34°C acima da média de 1991-2020 para a estação [verão]” e em agosto as temperaturas foram “de longe as mais altas” registadas, “com 1,72°C acima da média de 1991-2020”.

“Uma intensa série de ondas de calor em toda a Europa, combinadas com condições excecionalmente secas, levaram a um verão de extremos, com recordes em termos de temperatura, seca e incêndios florestais em muitas partes da Europa”, disse Freja Vamborg, diretora científica do sistema de vigilância sobre mudança climática. “Os dados mostram que não apenas tivemos temperaturas recorde em agosto na Europa, e sim em todo o verão, e que o recorde anterior tinha apenas um ano”.

Saindo da Europa e partindo para outras partes do globo, percebemos que, durante o verão de 2020, várias partes da América do Sul, incluindo o Brasil, registaram temperaturas muito acima da média. O Brasil enfrentou ondas de calor intensas em várias regiões, resultando em secas e preocupações com a disponibilidade de água. Isso também teve impactos na agricultura e na geração de energia hidroelétrica. 

O verão de 2019-2020 na Austrália foi caracterizado por temperaturas extremamente altas, incêndios florestais devastadores e uma seca severa. As temperaturas recordes foram registadas em várias partes do país, incluindo Sydney e Melbourne. Os incêndios florestais foram particularmente intensos e destrutivos, queimando milhões de hectares de floresta, destruindo casas e causando perdas de vidas humanas e animais. A seca prolongada também teve impactos significativos na agricultura e na oferta de água.

Regressando à Europa, especificamente a Portugal, em 2016, a 8 de agosto, em Mora, Alentejo, os termómetros chegavam aos 44.8 graus. A onda de calor durou entre os dias 5 e 13 de agosto e levou a que esse fosse o segundo verão mais quente desde 1931. “Desde 1931, seis dos 10 verões mais quentes ocorreram depois do ano 2000, sendo o verão de 2005 o mais quente em 86 anos. No verão de 2016 o valor médio da temperatura máxima do ar foi o valor mais alto desde 1931, 30.57ºC, 2.94 °C acima do valor médio”, dizia o IPMA. 

O verão de 2010 na Rússia foi marcado por uma onda de calor prolongada e temperaturas recordes. As regiões ocidentais da Rússia sofreram com incêndios florestais generalizados devido à combinação de altas temperaturas, baixa humidade e ventos fortes. Esses incêndios devastaram vastas áreas, destruindo florestas e resultando em perdas humanas e económicas significativas. A seca também afetou a produção agrícola, levando a preocupações sobre a segurança alimentar. 

Além da Rússia, vários países asiáticos enfrentaram um verão quente em 2010. O Paquistão, por exemplo, experienciou uma onda de calor intensa, com temperaturas extremamente altas que afetaram a saúde e o bem-estar das pessoas. Karachi, a maior cidade do Paquistão, registou temperaturas excecionalmente altas durante esse período.

O verão de 2003 na Europa foi notável pelo calor extremo e pela onda de calor que afetou várias nações. As temperaturas elevadas persistiram por várias semanas, atingindo valores muito acima da média. Países como França, Espanha, Itália e Reino Unido viveram temperaturas recordes. O calor extremo levou a uma série de impactos, incluindo incêndios florestais, escassez de água, danos à agricultura e, infelizmente, milhares de mortes prematuras, principalmente entre idosos. Esse verão destacou a importância da preparação para eventos climáticos extremos. 
Além deste, o de 2005 também foi marcado por temperaturas elevadas.

O verão de 1936, nos EUA, foi um dos mais quentes da História do país. Temperaturas extremas foram registadas em várias regiões, incluindo o Centro-Oeste e as Grandes Planícies. Vários estados atingiram marcas acima de 100 graus Fahrenheit (37,8 graus Celsius) e algumas regiões chegaram a temperaturas ainda mais elevadas. Essa onda de calor teve impactos devastadores na agricultura, como a seca. A combinação de calor extremo e falta de humidade também causou problemas de saúde pública e levou a um grande número de mortes. 

Nos últimos 7 mil anos, a região do norte da Sibéria ocidental tem vivido os verões mais quentes da sua História. Durante muitos milhares de anos, a temperatura nessa área estava em declínio, mas essa tendência mudou a partir do século XIX. A partir desse ponto, as temperaturas começaram a subir de forma significativa, atingindo os níveis mais altos das últimas décadas. Essas conclusões foram alcançadas por investigadores especializados em dendrocronologia da Academia Russa de Ciências e da Universidade Federal dos Urais. “A excecionalidade do aquecimento moderno é corroborada por observações de que o último século foi caracterizado por uma falta total de extremos frios, contrastados pela ocorrência de 27 anos de calor extremo, sendo que 19 deles ocorreram nos últimos 40 anos”, acrescentou um dos investigadores, sendo que o artigo foi publicado na revista Nature Communications.
Além destes marcos, importa referir que 3 de julho de 2023 foi o dia mais quente da História, numa escala global, de acordo com dados dos Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos Estados Unidos, que estão ligados à administração Oceânica e Atmosférica Nacional do país (NOAA). A temperatura média global atingiu a marca de 17,01°C, ultrapassando o recorde anterior de agosto de 2016, que era de 16,92°C, enquanto ondas de calor afetavam diversas partes do Hemisfério Norte.