Esta crónica começa com um desvio. Cheguei a Lisboa, mas vou mudar o destino. Vou à boleia do Funchalense V, um porta-contentores que percorre semanalmente a rota Lisboa -Madeira. Encontro-me a 2 milhas da Ponta de São Lourenço. Daqui ao Funchal são 25 quilómetros. Estou hospedado na Quinta do Lorde. Do meu quarto avisto o…
De Póvoa de Varzim a Vila do Conde é um palmo e as Caxinas. Noutros tempos, não existia esta estrada à beira mar a unir os dois concelhos. O tempo soprou as areias e o progresso suspirou cimento. Aqui cresceu esta comunidade. Os azulejos garridos, com padrões diversos, são a pele das ruas das Caxinas.…
A minha viagem começou há três semanas. Não está a correr como eu planeava. É difícil conseguir boleia de barco, até porque por vezes o mar está tão bravo que nem o mais destemido pescador se atreve a enfrentá-lo.
A lenha crepita na salamandra. O frio ronda as ruas de Viana do Castelo, mas a estação que se faz sentir aqui dentro é outra. Estou no Primavera, um estabelecimento também conhecido por Taberna Soares, na Rua Góis Pinto. Fico numa das mesas de madeira, coberta por toalha de papel. Guardanapo e talheres são postos…
O céu está carregado. Deslumbro-me com os degradés de cinzento que anunciam chuva. Respiro sofregamente enquanto caminho em direcção ao meu repouso: o ar é denso e custa a entrar pelos pulmões. Trago um saco com roupa, o computador, a máquina fotográfica, Moleskines e um bater especial do coração.
Chego à Base de Alfeite a meio de uma tarde que deambula entre a chuva e uns rasgos de sol. Recebi há dias a autorização da Marinha Portuguesa para viajar no submarino Tridente. A curiosidade é enorme.
Foi-se o Verão e chegou o Outono. Mas só no calendário. Na verdade, pouco mudou nas ruas. O calor mantém-se. As folhas ainda se pavoneiam nos ramos das árvores. Continuam espevitadas até se tornarem bailarinas dos ventos da estação. As aulas começaram entretanto e os putos da Ribeira do Porto já não estão aos pinotes…
O estuário do Tejo, onde se espelha Lisboa, encontra-se coberto por uma fina folha de neblina branca. Estou a passar por baixo da Ponte 25 de Abril. Por aqui o rio atinge 32 metros de profundidade. O barco que me transporta rasga as águas contra a corrente. Vem cheio de vontade de terra. Os fenícios,…
Na serra do Caldeirão bebo histórias que não cabem em quatro páginas. O calor dá-me vontade de conduzir a Macal em pelota (o que não faço), mas também encontro locais refrescantes. Como uma queda de água linda de morrer e uma piscina onde não há mais ninguém, um segredo que pondero guardar só para mim.
“Iiiiiiiii! Iiiiiiiiii!!! Iiiiiiii!!!!”. Esta é a banda sonora do ‘filme’ de faca e alguidar a que assisto. O suíno solta os últimos grunhidos de vida. Faz-se ouvir na serra de Monchique de vale em vale. O animal será alimento para o ano inteiro.
Batem as 17h00 no relógio da torre sineira da igreja matriz de Vila do Bispo. O vento despenteia-me. Hoje estou com sorte, mas parece que a maresia do Atlântico vagueia por estas ruas. Dirijo-me ao hotel para reservar quarto. Com meia dúzia de palavras trocadas com a senhora da recepção descubro ligações familiares entre a…
A Macal nunca me falha, mas pede-me gentilmente momentos de frescura por causa do calor. Mergulho nas águas doces do Pego do Inferno, em Tavira, e visito alguns locais emblemáticos da pesca do atum. E, já que estou no Sotavento Algarvio, impõe-se uma viagem até Vila Real de Santo António, a cidade mais iluminista de…
Desço a costa vicentina na minha Macal para explorar durante alguns dias a região de Aljezur. É neste postal de serra e mar que conheço um francês tímido e jogo à petanca nos intervalos de um almoço com os pescadores.
Tem chaminés que parecem foguetões e o seu interior impecavelmente varrido proporciona um cenário perfeito para a fotografia. A antiga fábrica da cortiça de Portalegre é o ponto de partida para um périplo alentejano que passa por estradas ladeadas de castanheiros e pela judiaria de Castelo de Vide, com os seus 67 arcos em ogiva.
Antes cruzava o Alentejo com a mania de chico esperto. Não lhe passava grande cartão. Depois de uns quantos quilómetros percorridos e de muitas noites lá dormidas, passei a namorar com a terra. Apaixonei-me pela sua beleza que se estende até Espanha, que se espreguiça frente ao mar na Costa Vicentina, que acaricia as regiões…
Montados numa Macal, viajamos desde Beja, onde visitamos o museu dedicado ao genial escultor Jorge Vieira, até um oásis em Almodôvar. Pelo caminho, paramos para ouvir o som do vento nas searas ou saborear uma cabeça de borrego assada no forno. O projecto Pela Estrada Fora, que cumpre a sua etapa inaugural, não se faz…
Viajo na minha motorizada com motor Casal de quatro mudanças. Ela é uma Macal que me leva até aos recantos mais belos de Portugal. Nesta edição vamos seguir a corrente do Guadiana. Será uma viagem para saborear o Alentejo à velocidade da minha mota. Devagarinho…